quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Amizade em Cristo: a única que vale


ARQUIVO (2008)


Paolo Cugini

Muitas pessoas nestes meses estão mudando de atitude. Alguns que sempre sorriam estão fechando a cara. Outros, que até então nem conhecia, estão se aproximando, outros ainda que nunca pisaram os pés na Igreja, estão virando católicos fervorosos. É o milagre da política, aliás, da politicagem: em ano de eleições tudo muda e, de repente, o inimigo se torna amigo e o amigão vira rival.

A amizade é um sentimento muito profundo que nasce de dentro do coração. “Quem encontra um amigo encontra um tesouro” (Ecl 6,15), pois encontrar alguém que partilha conosco as idéias, que nos acolhe do jeito que somos, que é desinteressado, que está perto de nós em todo momento, na alegria e no sofrimento, é muita graça de Deus. “Amigo fiel não tem preço e o seu valor é incalculável” (Ecl 6, 16).

Dizia um grande filósofo que cada um tem os amigos que merece: quem é bom provavelmente terá amigos bons, que é ruim é fácil que atraia pessoas ruins. Para termos amigos bons precisamos zelar de nós mesmos, buscar uma vida justa, aprimorar as nossas atitudes, fortalecer a nossa vida espiritual.
É Jesus que nos ensinou o caminho da verdadeira amizade. Foi Ele que anunciou o Reino de Deus criando um relacionamento de profunda amizade com um grupo de pessoas, homens e mulheres (Cf. Lc 8,1-3), amizade tão profunda que o Senhor fez de tudo para que pudesse permanecer para sempre. É isso que experimentamos na Missa do domingo: a presença amiga de Jesus, que nos convida a buscar o bem, a justiça, a fraternidade. E é também isso que encontramos na Igreja: pessoas dispostas a zelar da própria alma, atentas às necessidades dos irmãos e irmãs.

É com este espírito de amizade que participamos da comunidade, criando laços novos para que o mundo acredite que existe um pedacinho de humanidade aonde é o amor que prevalece, é a justiça o centro de interesse. Quem experimenta a amizade verdadeira infundida por Cristo em nós, não sentirá mais a tentação mundana de “amizades” que duram uma estação, uma promessa.
Neste ano de eleições temos, então, a possibilidade de avaliarmos a profundidade das nossas amizades, dos relacionamentos que estamos tecendo, da verdade da nossa caminhada cristã. Todos aqueles que se afastam de nós somente por motivos políticos, porque não somos do partido deles, são cristãos que não prestam e é bom agradecer a Deus por este afastamento. Todos aqueles que se aproximam de nós com um sorriso deslumbrante para nos seduzir, são da pior raça de hipócritas: é bom mantê-los à distância.

Pedimos a Jesus a força e a firmeza de não vacilar nunca, mas de mantermos firme o nosso propósito de amar a Deus sobre qualquer coisa. E, como dizia uma grande filósofa, quem ama a Deus não aceita qualquer coisa; quem ama a Deus não aceita qualquer amigo. Saibamos ser exigentes com as pessoas que nos rodeiam para depois não nos arrependermos e nos queixarmos da nossa solidão.



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