quarta-feira, 5 de maio de 2021

RELIGIÃO COMO TENTAÇÃO

 



Paolo Cugini

    É a dificuldade de esperar as respostas às questões da vida, que nos faz correr para a primeira religião que nos encontramos e que, na grande maioria das vezes, coincide com a que encontramos na família. É a religião de preços baixos, que nos custa pouco, senão o preço de uma mísera vela elétrica. Afinal, é preciso muito pouco para acalmar a consciência e voltar rapidamente ao nosso trabalho diário, que consiste, resumindo, em perder tempo, em passar o tempo, sem pensar exatamente no porquê das coisas, nos motivos que nos induz a fazer uma coisa em vez de outra. E, o tempo, passa e nos parece lento, ainda nos parece.

Constantemente tentados pela religião a não pensar, a se abrigar, a encontrar um porto seguro, a encostar nela com a garantia da tradição e, sobretudo, com outras pessoas que, talvez, sejam a maior garantia para quem tem dificuldade em encontrar as suas próprias respostas. É a droga do bom senso, do que sempre foi feito assim, do pensamento bem feito. E depois há os rituais que são sempre os mesmos, com as mesmas palavras que dão grande segurança a todos aqueles que, com medo da vida, procuram um sofá para descansar em paz, longe das preocupações.

Devemos ter aprendido a caminhar na solidão em busca de nós mesmos, do sentido das coisas que vivemos. É preciso ter começado a trilhar esse caminho desde a adolescência, para nos tornarmos jovens que se afastam da estupidez coletiva, do senso comum.

Contra a força da estupidez óbvia feita religião, não há razão para sustentá-la. Quando o pensamento de um grupo se uniformiza, não é mais possível raciocinar e, o pensamento diferente, o pensamento que se questiona e que questiona, torna-se perigoso para toda a comunidade. Nestes casos, para o espírito livre, para quem simplesmente busca o sentido das coisas, é melhor mudar o ar, ir para outro lugar.

3 comentários:

  1. Os humanos desde dos tempos remotos têm uma necessidade de viver com a presença do outro,a exemplo o povo clamou a presença concreta de Deus,ainda somos crianças ao não sabemos conviver com a própria companhia,a religião sempre foi Visto como um encontro com Deus,mas o próprio Jesus teve necessidade de insanamente social como uma necessidade de insanamente que temos encumum necessidade pra chegar no nosso interior é revelado o melhor da alma humana.

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  2. O que eu venho questionando ultimamente é quem ganha com a estupidez humana, quem ganha com a uniformidade do pensamento. Não encontro sentido em se identificar cristão e pensar coletivo... Mais indignada fico com as religiões, e aí ficam pouquíssimas as que sobram,que aproveitam dos delírios coletivos, das crises de consciência para ao invés de conduzir a uma reflexão individual, uma reflexão do ser, ofertam como bem o texto traz, um paliativo, uma droga para apaziguar a consciência e não uma mudança da consciência. Viva o espírito livre, que ele resista!

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  3. "Constantemente tentados pela religião a não pensar, a se abrigar, a encontrar um porto seguro (...)". E é desse "não pensar" que alguns políticos se aproveitam da religião como instrumento de poder.

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