quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Esperando São Pedro ou... O cão?


ARQUIVO (agosto 2006)



 Paolo Cugini


“Vamos sozinhos para algum lugar deserto, para que vocês descansem um pouco!” (Mc 6,32).

Ouvimos nestes dias este versículo de Jesus que convida os seus discípulos para descansar um pouco com Ele. É uma atitude importante que vale a pena escutar com atenção e transferir no nosso dia a dia. Se e verdade que devemos trabalhar com firmeza e responsabilidade para colaborar a realização do plano de Deus, é também verdade que de vez em quanto é importante descansar. O problema sobre este assunto é este: como descansar. De fato, se prestarmos atenção ao jeito do povo descansar, parece que, quanto mais descansa, tanto mais... cansa! Nas festas de São Pedro, por exemplo, muitos jovens passaram três dias e três noites na rua dançando, pulando, bebendo, cantando ininterruptamente. Como é que descansa um cara numa agonia dessa?!
Nestes dias realizei uma pesquisa entre os jovens que estão freqüentando a Catequese do Crisma, sobre o tema da festa: o resultado foi extremamente interessante. Perguntando sobre o motivo das pessoas procurarem as festas, muitos jovens responderam assim: “para esquecer os problemas”.

Achei importante e, ao mesmo tempo, um pouco triste, esta resposta. Quando uma pessoa é feliz da vida, não precisa arrumar algo para esquecer os problemas. Aliás, o esforço que deve ser feito, é ajudar as pessoas a enfrentar os próprios problemas e não fugir. Afinal de conta são as crianças que fogem dos perigos, enquanto os adultos ao longo da vida aprendem a enfrentá-los. É verdade que uma festa não é nada de mal, aliás, é bom e faz bem a saúde física e moral, mas quando numa cidade há três meses todo final de semana tem festa, isso é demais e prejudica a higiene mental. Um povo todo alienado ao longo dos anos precisa aumentar sempre mais as doses de “Diesepan”. Pelo contrário, um povo tudo conscientizado não precisa de nada e não dá prejuízo nenhum ás farmácias da cidade.

2. Além disso, sempre na mesma pesquisa, procuramos entender se São Pedro tem a ver com a festa popular que se espalhou na Bahia. Descobrimos que Pedro foi o apóstolo que Jesus escolheu para chefiar a sua Igreja e que hoje este papel é do Papa, o chefe da Igreja Católica. Nada ver então, com a cachaça, as músicas indecentes, as brigas, as imoralidades que se encontram na assim chamada “Festa de são Pedro” ou “Esperando são Pedro”.
 Os jovens que participaram da pesquisa, acharam interessante apresentar uma proposta para mudar de nome a esta festa e, assim, ao invés de se chamar “Esperando São Pedro” poderia se chamar: “Esperando o diabo” ou, se preferir: “Esperando o diacho”. É bom aprender a dar o nome certo as coisas, para não confundir o povo.


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