sábado, 23 de abril de 2022

Uma liturgia com os traços da humanidade de Jesus

 



Paolo Cugini

Só podemos compreender o sentido da liturgia na vida da comunidade cristã voltando às origens e, de modo especial, olhando para Jesus, para os Evangelhos. Há um traço marcante no modo de Jesus se relacionar com o mundo, com as pessoas: sua humanidade. É este aspecto da humanidade de Jesus que deve moldar a celebração litúrgica.

Há um caminho de humanização que a vida cristã deve percorrer. A Gaudium et Spes lembra-nos que: "quem segue a Cristo, torna-se também mais homem" (GS 4). É na qualidade humana dos crentes individuais e das comunidades cristãs que se manifesta a credibilidade da mensagem cristã. É a qualidade de vida humana que faz a diferença. O humanismo evangélico em sua profunda cumplicidade com o humano autêntico, representa o presente e sobretudo o futuro do cristianismo. O que há para ver de Deus, vimos em Jesus: aqui estão todos os discursos possíveis sobre o sentido humano da liturgia. A busca de uma liturgia mais humana não é simplesmente evocar a dimensão ética da liturgia, nem mais uma estratégia pastoral, mas é de natureza teológica e, portanto, essencial para que seja uma liturgia cristã e não um mero rito religioso como muitos outros. A nossa liturgia é cristã se for conforme à humanidade de Jesus.

Se o mistério de Deus foi revelado através da humanidade de Jesus, da mesma forma a liturgia deve ser fiel ao caminho desta revelação. A celebração da revelação de Deus deve ter também a forma do Evangelho. O modo de celebrar na liturgia deve estar em conformidade com o modo como Deus se revelou em Jesus, na sua humanidade. A liturgia é revelação em ato. O documento conciliar Sacrosantum Concilium nos lembra que “ a obra de nossa redenção se realiza através da liturgia ” (SC 1). São essas ideias que orientaram a reforma do Concílio Vaticano II, para restaurar a liturgia à sua origem, ou seja, ao Evangelho. Jesus falava a língua do povo, e não uma língua sagrada. Jesus falou e se fez entender. Ele celebrou a Eucaristia pela primeira vez em torno de uma mesa. Os primeiros discípulos em suas casas partiram o pão. Uma humanidade, a de Jesus, caracterizada pelo convívio constante: Jesus sentou-se à mesa com todos. O jantar é o último de muitos jantares com seus discípulos. A centralidade do altar de nossas igrejas nos lembra que a comunidade cristã é uma comunidade da mesa, porque Jesus assim o quis e, consequentemente, a Eucaristia remete à relacionalidade, ao cuidado dos gestos entre as pessoas que dela participam.

A referência de Jesus na Última Ceia não é o contexto sacrificial, mas o contexto doméstico, comunitário, uma liturgia conduzida pelo pai de família, num contexto informal próximo da vida. Jesus queria uma mesa partilhada em contexto familiar para a sua comunidade; isso significa que as formas rituais que a expressam não devem afastar-se da vida. Por isso, não compreendemos as atitudes reverentes e distantes, típicas de um contexto sacrificial e sacral, mas totalmente alheias ao contexto familiar e humano desejado por Jesus. Na liturgia devemos encontrar a gramática da vida. Isto também se aplica à linguagem da liturgia. O Vaticano II deu a possibilidade de acessar as línguas faladas justamente para recuperar o dado primordial de toda relação autêntica: a língua. Não há possibilidade de relacionamento sem a possibilidade de compreender o que o outro está dizendo. Jesus falava em aramaico, a língua do seu tempo, graças à qual se fazia entender. Jesus não falava uma língua sagrada, mas usava expressões da vida do povo. Jesus não morava nas sacristias nem nas universidades e usava o vocabulário da vida cotidiana, muito mais do que o religioso. "As multidões se maravilhavam com o seu ensino " (Mt 7:28). " Nunca um homem falou assim " (Jo 7:46).

A relação entre liturgia e vida apresenta-se de uma maneira nova em relação ao tempo do Concílio. Hoje declina pedindo que a celebração seja um lugar vital, para regenerar a vida dos crentes individuais. A liturgia como lugar que gera e regenera o crente na vida, fonte da vida comunitária, exige atenção constante à reprodução no contexto litúrgico dos traços da humanidade de Jesus. Tudo o que os Evangelhos referem a Jesus com seu povo é uma antecipação do significado da liturgia. A liturgia, portanto, deve ser uma continuação dos Evangelhos, de tal forma que as pessoas que participam dos ritos, se sintam envolvidas pela humanidade de Jesus e o reconheçam presente neles. Nos Evangelhos encontramos afirmações que expressam o desejo do povo de encontrar Jesus e que são verdadeiras expressões litúrgicas: " Senhor, ajuda-me !" (Mt 15:25); " Jesus tem piedade de mim!" (Mc 10,47) ; " Senhor, o meu servo está em casa sofrendo " (Mt 8,6). Esta liturgia dos Evangelhos fala-nos de um homem Jesus, que escuta os pedidos vitais do povo, que caminha com os homens e mulheres do seu tempo, se deixa tocar, pára para ouvir, acaricia, ri, chora: há tanta humanidade em seus gestos. Por isso, a partir de agora, depois de Jesus, o sagrado não precisa mais ser revestido com os sinais de poder para induzir o medo e a reverência, mas deve ser despido, porque o Pai, por meio do Filho, decidiu colocar uma tenda no meio de nós. É a simplicidade dos gestos humanos que falam da grandeza do amor de Jesus, que encontramos na sua humanidade. Jesus travou uma batalha pela vida e lutou até a morte. Perante a vastidão da mensagem cristã, o hiperactivismo da vida paroquial, a complexidade dos nossos ritos, a sua redundância barroca, impressiona a simplicidade da liturgia dos Evangelhos. Voltar aos gestos simples da humanidade de Jesus é a tarefa atual da liturgia na Igreja, tarefa indicada pelo Concílio Vaticano II.

O teólogo alemão Christoph Theobald disse que: “ vida e fé estão intimamente ligadas ”. A fé não pode ser transmitida sem transmitir fé na vida. A celebração dos sacramentos da fé é um lugar de contato entre a vida de Cristo e a vida do homem e da mulher hoje. Nas passagens decisivas da vida, únicas e definitivas, onde a vida é mais vida, os sacramentos da Igreja projetam a luz do Evangelho. A finalidade dos sacramentos deve ser significar a vida à luz do mistério pascal, afastá-los da lógica do acaso e do destino. Toda a humanidade da liturgia se revela nos sacramentos. A pastoral dos sacramentos é hoje a Galiléia dos povos. Dentro da questão dos sacramentos há um sentido profundo da vida que deve ser reconhecido e honrado, há uma forma germinal daquela fé natural que todo ser humano tem na vida: é a fé em Deus, o autor da vida.

Só uma liturgia humana sabe celebrar a vida humana, no caminho traçado por Jesus: o sofrimento é o lugar mais alto da humanidade. O critério da verdade da liturgia é assumir o peso do sofrimento: abandono, exclusão, solidão. A tarefa de uma liturgia humana é ajudar a humanizar a realidade. Comunhão, caridade, acolhimento: a liturgia é um recurso da humanidade. Assim como todos aqueles que se sentiram excluídos da sociedade foram para Jesus, também hoje todos aqueles no mundo que se sentem excluídos, marginalizados, ridicularizados, discriminados devem ser acolhidos. É no sinal dos cravos que se manifesta o amor daquele que o Pai ressuscitou. Da mesma forma, é em uma comunidade que coloca os pobres, os crucificados da história no centro de suas liturgias, que o mundo pode reconhecer a luz do Ressuscitado. Na Oração Eucarística Va lemos: “ dai-nos olhos para ver as necessidades e os sofrimentos dos irmãos”. A celebração eucarística é o lugar da fraternidade. A Eucaristia é o mais alto ensinamento da humanidade. Não podemos receber inocentemente o pão da vida sem compartilhar o pão da vida com os necessitados. Nossa fé eucarística nos chama a viver uma ética eucarística, que nos leva a viver uma humanidade mais profunda para com os necessitados. É Cristo que na liturgia vem ao nosso encontro com os pobres, os migrantes, os excluídos. A Eucaristia é um protesto contra a desigualdade. A Eucaristia contém uma utopia: não é possível ser humano quando é celebrada e ser desumano quando se deixa a Igreja.

 

terça-feira, 12 de abril de 2022

UMA LITURGIA FORTEMENTE MARCADA PELO PESO DO PASSADO

 



Paolo Cugini

 

O tema da liturgia é importante porque reflete o modo de entender Deus: do modo como uma comunidade celebra a Eucaristia, entendemos o que Deus acredita. A insistência no preceito resultou no esvaziamento da dimensão relacional e comunitária, que está na base do sentido da liturgia eucarística, entendida como ação do povo. A pregação que durante séculos insistiu na obrigatoriedade do preceito dominical se, por um lado, fez difundir o costume da missa dominical como hábito necessário para a salvação, por outro o entregou definitivamente nas mãos da classe sacerdotal e a tirando-a, assim, ao povo de Deus. Houve, portanto, um processo de distorção em relação ao significado original que Jesus quis dar à Eucaristia, como sinal de sua presença no meio de seus irmãos e irmãs e como um momento dela entrega sua mensagem central à comunidade.

O novo contexto cultural em que estamos imersos, se por um lado se mostra insensível aos aspectos religiosos devido à sua marcada significância materialista, por outro nos permite recuperar alguns aspectos que foram perdidos ao longo do tempo. O esvaziamento da leitura metafísica e ontológica da realidade, completada na era pós-moderna, abriu caminho para a pluralidade de narrativas possíveis dos acontecimentos. Dessa forma, passamos de uma abordagem constritiva da religião, com preceitos, obrigações e deveres, que circunscrevem o modo de pertencimento ao sagrado, para um tipo de abordagem livre, baseada mais na compreensão subjetiva do que na coerção.

Hoje a geração jovem é totalmente indiferente às obrigações e ameaças aos preceitos religiosos. Passar de um estilo coercitivo para uma proposta que estimule o livre interesse das pessoas pela proposta religiosa, exige uma mudança radical de paradigma, que exige a disposição de não identificar a bondade da proposta com a quantidade numérica dos participantes. O controle coercitivo do povo pela casta sacerdotal, amparado pelo clima político e social que permitia esse estilo coercitivo, provocou de imediato a presença massiva dos fiéis nos momentos religiosos. A certa altura do caminho, a Igreja, ao invés de ter o cuidado de propor o estilo do fundador, deixou-se levar pela possibilidade real de controle das massas que, ao mesmo tempo, significava a possibilidade de contar com o poder político e debates sociais. Quem controla as massas controla o poder. Certos dispositivos doutrinários, como a confissão obrigatória diante da Eucaristia, exacerbaram o controle da classe sacerdotal sobre os fiéis, ao invés de propor um caminho de liberdade como proposto pelo Mestre. O mesmo se pode dizer da imposição do celibato sacerdotal aos candidatos ao sacerdócio, que estigmatizou um processo de diversificação do clero em relação ao povo e, em particular, às mulheres.

A jurisprudência canônica, a teologia e a espiritualidade que se desenvolve a partir do século X d.C. se aliam para sustentar o mesmo discurso da necessidade de uma classe sacerdotal para administrar o sagrado. A liturgia é o espaço mais adequado para se manifestar esse fenômeno mais político do que religioso. A arquitetura dos espaços religiosos é o documento histórico mais visível desse processo de desconstrução política da mensagem evangélica, em favor de uma instituição que, em determinado momento, decide seguir seu próprio caminho, esquecendo a origem do mesmo caminho. Nos edifícios utilizados para eventos litúrgicos, o espaço em que a classe sacerdotal administra o sagrado sofre uma dupla operação arquitetônica. Existe, de facto, um processo de separação do espaço atribuído ao sacerdote, que desempenha as suas funções do resto do povo. Essa separação é destacada por estruturas específicas - as balaustradas - que indicam até onde as pessoas podem ir. Em segundo lugar, há uma progressiva elevação da área denominada presbitério, com o objetivo de tornar visível o espaço sagrado. Os historiadores da liturgia nos alertam que essas mudanças ocorrem no período em que, devido às invasões bárbaras, que assolam o Império Romano, os dados bíblicos e patrísticos se perdem e a liturgia sofre a nova abordagem materialista do mundo religioso. Não busca-se mais a chamada dimensão ontológica dos acontecimentos que acompanharam a vida de Jesus, para repropor na liturgia, mas tenta-se reproduzir o mais fielmente possível o que aconteceu materialmente. A elevação do presbitério deveria, nesta perspectiva, significar o monte das oliveiras em que Jesus viveu a paixão.

Simultaneamente a esse fenômeno, há outro que o acompanha. Esta é a identificação progressiva da igreja com o Império Romano, que se tornou o Sacro Império Romano. Um sinal muito claro no campo litúrgico dessa identificação são as vestes litúrgicas, que mais do que sinal da presença da pobreza do mestre, são o símbolo do poder político do Império Romano. Além disso, nos séculos de dominação temporal da igreja, haverá liturgias nas quais se manifestará o poder da igreja sobre príncipes, reis e imperadores. Estas deformações da mensagem original convergidas para a liturgia, permitem compreender não só a necessidade de uma reforma litúrgica ocorrida no Concílio Vaticano II, mas, sobretudo, a dificuldade de implementá-la devido aos saudosos de plantão, que não conseguem libertar suas mentes das formas do passado.

Afinal, como disse Thomas Khun, as estruturas culturais se acomodam a tal ponto que mesmo uma revolução cultural não é capaz de provocar mudanças imediatas. Sessenta anos de história são quase nada comparados aos quinze séculos do cenário anterior.

 

sexta-feira, 1 de abril de 2022

NADA A COMEMORAR

 





No dia como hoje, não temos nada a comemorar, porém temos muito que refletir sobre a monstruosidade que foi a Ditatura Militar, pós o golpe de 1964.

Um período onde o (des)governo da época nos proporcionava violência, sangue, covardia, censura,  sofrimento, custo de vida altíssimo, inflação, dívida externa astronômica, privilégios para a elite política e econômica, subserviência ao imperialismo norte-americano, impunidades aos criminosos, controle do Judiciário e as casas parlamentares enfim, tudo que há de pior num governo onde massacrava toda a sociedade.

Devemos refletir e lembrar sobre esse período para que nunca mais se repita e que discursos e falsas narrativas sobre esse período pós-golpe de 64 sejam devidamente rechaçados.


Abaixo, selecionei 45 filmes e documentários importantes sobre esse período de trevas para que todos, principalmente os mais jovens, vejam e não se iludam com a Direita conservadora e reacionária.

Os filmes se encontram completos e abertos no YouTube

 Giuliano Furtado.

31/03/2022

Lamarca:

https://www.youtube.com/watch?v=Wy1g8kRMD5Q

 

ARAGUAYA conspiração do silencio:

https://www.youtube.com/watch?v=SKagL2WmH-0

 

O Que É Isso, Companheiro?

https://youtu.be/ZIPn2I5-knA

 

Zuzu Angel:

https://www.youtube.com/watch?v=duCoCVG2tt8

 

O dia que durou 21 anos

https://youtu.be/ltawI64zBEo

 

O Ano em que meus Pais Saíram De Férias:

https://youtu.be/yplwrQIWgIw

 

Pra Frente, Brasil

https://youtu.be/d3M-ybJiBZQ

 

Cidadão Boilesen - Um dos Empresários que Financiou a Tortura no Brasil:

https://www.youtube.com/watch?v=yGxIA90xXeY

 

Documentário | João Goulart: Jango:

https://www.youtube.com/watch?v=1O4SZQZ-ikk

 

marighella - retrato falado do guerrilheiro

https://www.youtube.com/watch?v=4BP-OMjP08Q

 

Eles não Usam Black-tie:

https://www.youtube.com/watch?v=Uzl2K1bDRog

 

Ação entre Amigos

https://youtu.be/Qm6yxx6ycgU

 

Cabra Cega:

https://youtu.be/h8zRYbrwLFQ

 

Militares da Democracia: os militares que disseram NÃO:

https://www.youtube.com/watch?v=6hD8JIHbu3w

 

Osvaldão

https://m.youtube.com/watch?v=cZEMVK2VtKo&feature=share

 

Batismo de Sangue

https://youtu.be/YuwY9vkkAYw

 

Retratos de Identificação

https://youtu.be/7tmN6VMaP8o

 

Carlos Eugênio Paz (Clemente) - Depoimento completo

https://youtu.be/OEPCT8E9ArA

 

Chumbo Quente, a série sobre a Ditadura Militar no Brasil

https://youtu.be/UTuC0r4KZo0

 

Cúmplices? - A Volkswagen e a Ditadura Militar no Brasil

https://youtu.be/1iWmAmvNMNg

 

Janto- O filme

https://youtu.be/SaU6pIBv9f4

 

30 Anos de Anistia

https://youtu.be/IMAQJIIjue4

 

Carlos Marighella - Quem samba fica, quem não samba vai embora

https://youtu.be/KkFozCuVm1M

 

Advogados Contra a Ditadura

https://youtu.be/Vuyz-M6vRyE

 

Tempos de Resistência

https://youtu.be/J2MrSLoB6BI

 

Araguaia, Presente!

https://youtu.be/dEZS0OKl2eE

 

Guerrilha do Araguaia - As faces Ocultas da História

https://youtu.be/jJV8DrN8-uc

 

Brasil: O Relato de uma tortura 1971

https://youtu.be/CCmA80YgwDY

 

Caparaó

https://youtu.be/qGlbHfG8aGA

 

Memórias Femininas da Luta Contra a Ditadura Militar

https://youtu.be/YWtuhUsn5ao

 

1964 - Um golpe contra o Brasil

https://youtu.be/GhoI8FdFF6w

 

Barra 68 - Sem Perder a Ternura.

https://youtu.be/XgK50b7oUf8

 

(A.H.F.) Vladimir- 30 anos depois

https://youtu.be/pB8XCSwyOeU

 

Soldados do Araguaia

https://youtu.be/dg6UE6hFYzM

 

Se um de nós se cala

https://youtu.be/Uu-VzWN6m_I

 

Setenta

https://youtu.be/8lJ-_IaI2z4

 

Hércules 56

https://youtu.be/J3ZOtHwSc9Q

 

Verdade 12.528

https://youtu.be/7l9OJOGfOc0

 

Manhã Cinzenta

https://youtu.be/3p-ozsRH0xY

 

Em busca da verdade

https://youtu.be/BUiFjNBP77Y 

 

Memória para uso Diário

https://youtu.be/Ys4781EYPBU

 

Que bom te ver viva

https://youtu.be/zqpybT37k9A

 

Vala comum

https://youtu.be/2AheyN37l8Q

 

Camponeses do Araguaia - a guerrilha vista por dentro

https://youtu.be/4q8hoZTrc30

 

Do Buriti a Pintada - Lamarca e Zequinha na Bahia

https://youtu.be/CgJb-8u9TDA