sábado, 21 de setembro de 2019

OS POBRES NÃO NOS DEIXARÃO DORMIR





[Arquivo Miguel Calmon 2004]
Paolo Cugini

Quem nasceu pobre, em um contexto pobre acha que a realidade é isto mesmo. Quem nasceu escravo nunca viu passar na cabeça dele de querer ser o patrão. Mesma coisa vale para o rico: ele pode até chegar a ter pena do pobre, más não vai querer trocar de jeito nenhum o seu lugar. O mundo é assim, cada um no seu cantinho.

É interessante observar como cada um deste dois mundos se organiza. O pobre vive o seu dia a dia se virando de qualquer jeito, tecendo uma rede de amigos e parentes que podem socorre-lo no momento de extrema necessidade. O pobre procura no rico um protetor, alguém que passa ajuda-lo de vez em quando. Os pobres sabem que, para eles, é impossível alcançar o patamar dos ricos. Por isto, vive tranquilo, se organizando e procurando sobreviver num nível baixo de vida. Aprender a viver com pouco e de pouco, ficar alegres e agradecer a Deus do pouco que consegue, ficar satisfeito de tudo aquilo que Deus cotidianamente doa: é esta a grande riqueza do pobre!

Pensar que uma família pobre cheia de filhos possa viver com o dinheiro que passa o governo, é loucura pura. Se o pobre não reclama, mas pelo contrário agradece a Deus pelo pouco que recebe, é porque aprendeu a arte da sobrevivência. Aprendeu a dormir no chão, a se curar de doenças com chá de ervas do mato, pois os remédios são caríssimos. Aprendeu a aceitar o frio nos meses de inverno e a fome nos dias onde não tem nada pra comer. O pobre aprendeu que, se ele não tem nada para cuidar da sua vida, da sua família não é porque Deus é injusto, mas porque o homem é mau.

É por isso que a paroquia deve seguir sempre mais de perto o caminho de Jesus, incentivando uma vida de partilha. A Igreja é aberta para ricos e pobres e, os ricos, escutando o evangelho, deveriam aprender a partilhar, pensando projetos sociais que visam ajudar os pobres, a aprender deles a viver com pouco.

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