quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

PERGUNTAS SOBRE O DESAPARECIMENTO DO CRISTIANISMO





Paolo Cugini

 

 

O progressivo desmoronamento do Cristianismo como religião que se estabeleceu e se identificou no Ocidente está sob os olhos de todos. Todo evento de mudança radical não pode ser explicado apenas por um ponto de referência. No nosso caso, há uma série de elementos que vão todos na mesma direção, a saber, o fim de uma era e o início de outra. Sabemos o que vai acabar, mas ainda não temos muitas informações para entender para onde vamos. Certamente, existe um consumismo generalizado que se espalhou nas últimas décadas no mundo ocidental, o que pode nos fazer pensar em uma cultura que é modelada em elementos materiais. Parece que, mesmo neste caso, se confirma uma intuição sobre a evolução histórica das ideias, ou seja, toda era espiritualista é seguida por outra mais material. Foi assim, por exemplo, nos primeiros séculos da filosofia. Na verdade, na época dos grandes sistemas filosóficos do século VI a. C., caracterizado por uma profundidade teórica e contemplativa como platônica ou aristotélica, passamos a uma abordagem geral marcada mais pelo assunto, como o epicurismo ou o estoicismo.

Então, podemos nos perguntar: o que deve a Igreja fazer, nesta época de mudanças, para não perder o contato com a realidade? Que escolhas deve fazer para poder, ainda hoje, proclamar com autenticidade a mensagem de Jesus? De que deve renunciar definitivamente, para dar lugar à novidade que brota da história?


quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Dignidade humana e o problema do fundamento dos direitos humanos. Algumas perspectivas do debate atual

 



 

Paolo Cugini

O conceito de dignidade humana tornou-se particularmente significativo desde o final da Segunda Guerra Mundial, como resultado da reflexão sobre os trágicos acontecimentos que a caracterizaram. Desde então, o termo dignidade humana aparece não apenas em documentos internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em sua terceira sessão, em 10 de dezembro de 1948 em Paris, mas também em muitas constituições nacionais e regionais. Certamente, tanto no campo filosófico quanto no jurídico o tema já estava presente e debatido antes desses trágicos acontecimentos, mas foi particularmente aceso justamente a partir da necessidade de esclarecer os limites e, ao mesmo tempo, os valores fundamentais, que poderiam ser indicados como vinculantes para a ação humana. Essa reflexão se tornou ainda mais urgente nas últimas décadas sobre algumas questões da bioética como a eutanásia, o fim da vida, o aborto, entre outros. O problema que se coloca é o seguinte: quando falamos de dignidade humana, o que queremos dizer? Nas pesquisas analisadas, duas correntes de pensamento emergem em geral: a teoria ontológica ou de dotação e a teoria utilitarista ou da performance.

A teoria ontológica fundamenta a dignidade do homem em Deus, de modo que, sendo o homem à imagem de Deus, todos os aspectos da vida humana são sagrados. A positividade desta teoria consiste em se propor como baluarte para todos os momentos da vida humana, também e sobretudo, naqueles momentos em que a pessoa se encontra mais fragilizada como o nascimento, a doença e a proximidade da morte. Esta teoria se desenvolveu no Ocidente sobretudo graças ao Cristianismo, que encontra os fundamentos de suas posições na Sagrada Escritura. O homem tem uma dignidade que lhe foi conferida por Deus, visto que o criou à sua imagem e semelhança (Gn 1, 26). A reflexão patrística dos primeiros séculos da Igreja e, sobretudo, da teologia escolástica de Tomás, forneceram uma estrutura metafísica a essa posição. O homem possui uma dignidade que não só lhe é conferida por Deus, mas que se inscreve na natureza humana, sendo, portanto, uma "posse originária", herdada do nascimento e, por conseguinte, um fato objetivo indiscutível. Essa abordagem ontológica abre caminho para os chamados valores não negociáveis, no sentido de que não são passíveis de discussão, pois estão protegidos pela sacralidade da vida que vem de Deus e que encontra fundamento metafísico na lei natural. O discurso dos direitos humanos, nesta perspectiva ontológica, tem um valor universal, porque não depende da ação humana, nem de valores subjetivos e, justamente por isso, deve ser universalmente defendido. Esta forma de fundamentar o discurso da dignidade humana, no contexto secularizado em que vivemos, encontra muitos detratores que, embora reconhecendo alguns elementos fundamentais, como o valor da vida, não aceitam um argumento religioso ou metafísico, porque exclui um debate racional que pode atualizar e contextualizar o discurso. Em qualquer caso, a perspectiva ontológica oferece muitas vantagens em termos de vida cotidiana. Na verdade, como observa Francesco Viola:

“A vantagem prática do caminho ontológico, e da teoria da dotação que lhe está ligada, é a da não discriminação total entre os seres da espécie humana. A via ontológica não tolera qualquer discriminação decorrente de raça, gênero, estado de saúde, grau de capacidade atualmente possuída, desenvolvimento intelectual e moral. Todos aqueles que pertencem à espécie humana ipso facto têm aquele estatuto normativo particular que costuma ser designado como dignidade”.



No pólo oposto, está a perspectiva utilitária que faz depender a dignidade humana do resultado da ação humana, “uma conquista da subjetividade humana que constrói sua própria identidade”. Mérito, poder, virtude ou riqueza podem ser elementos que determinam o grau de qualidade de uma pessoa em comparação com outras. Na teoria utilitarista, a proteção da dignidade humana “depende essencialmente do respeito à sua vontade e, portanto, só pode ser implementada quando o indivíduo goza de plena autonomia”. Nessa concepção, torna-se fundamental o princípio da autodeterminação, para o qual é necessário garantir ao sujeito o máximo grau de liberdade e de decisão sobre as questões que lhe dizem respeito. Há uma absolutização da liberdade de escolha subjetiva, que abre delicadas questões no plano moral, deixando descobertas de proteção justamente nas situações humanas mais necessitadas de segurança do Estado ou dos órgãos competentes. Se, de fato, vale quem por uma série de circunstâncias consegue "merecer" uma qualidade de vida digna, o que dizer de todos aqueles que, por condições sociais ou físicas, passam a ser desfavorecidos, incapazes, portanto, de proporcionar o crescimento qualitativo de própria existência? A abordagem utilitarista é a base da cultura que considera as pessoas nem todas dignas dos mesmos direitos; está na base da sociedade dividida em classes que declara alguém mais digno que o outro, partindo não de qualidades inatas, mas de uma posição acidental pelo fato de ter nascido em uma casa e não em outra. Folheando as páginas da história ocidental e mesmo as páginas dos livros sagrados, encontramos as pegadas dessas civilizações que justificaram a escravidão, a superioridade no posto, a justificativa de privilégios e punições. Segundo Carminiani: “os corolários desta tese são: quem vive melhor tem mais valor, quem está em condições de buscar o mais alto grau de satisfação pessoal; enfim, quem mais gosta na vida". A justificativa para encerrar a vida quando esta se encontra em condições consideradas indignas, encontra seu suporte teórico na perspectiva utilitarista.



A questão que surge espontaneamente neste ponto da discussão é a seguinte: quando nos documentos de direito internacional ou nacional encontramos a afirmação da dignidade humana, a que se refere e o que significa? Quando nos deparamos com essas afirmações gerais, nossos preconceitos teóricos mais ou menos explícitos entram em jogo, mas não sabemos quais são as intenções do editor dos textos. Sem dúvida, há o desejo e a vontade de oferecer instrumentos jurídicos capazes de garantir a máxima proteção possível à vida humana em todas as suas fases e em todas as latitudes. Na conclusão, tentarei esboçar minha reflexão sobre o tipo de fundamento que o direito internacional busca hoje para validar suas posições.

A rejeição de qualquer fundamento metafísico por um lado e a ambigüidade da abordagem utilitarista por outro, nos obrigam a buscar o que podemos definir de uma terceira via, a formular critérios tão compartilhados quanto possível, que ajudem as pessoas a tomarem decisões que elas sabem salvaguardar a dignidade da pessoa humana em todos os momentos da vida. Nesta perspectiva, a meu ver, só é possível ativar o princípio da responsabilidade, como apontado por Hans Jonas, dentro de um processo que saiba ouvir e avaliar as opiniões provenientes das diferentes matrizes culturais de um lugar. 

Essa é a proposta elaborada por Jurgen Habermas em sua teoria da ação comunicativa segundo a qual, para atingir a maior objetividade possível, a linguagem dos participantes do debate deve ser inteligível para todos. Por isso, não é possível argumentar referindo-se a códigos religiosos ou filosóficos ou outros, conhecidos apenas por quem fala. Além disso, a discussão não deve ser prejudicada pela tentativa furtiva de convencer e persuadir o interlocutor a todo custo sobre o que se quer afirmar e, por isso, o debate deve ocorrer ao nível da clareza e da autenticidade. Esses critérios, segundo Habermas, são o mínimo que pode ser exigido em qualquer debate que busque a verdade sobre algum aspecto da vida social, que busque respostas para problemas concretos da vida. Nessa perspectiva, a meu ver, a questão da formulação dos direitos humanos universais está superada, pois o que importa é a busca de uma decisão que afete a comunidade local.



Uma abordagem semelhante, ainda que partindo de um ponto de referência diferente, é a de Gianni Vattimo. Na medida em que as narrativas metafísicas desaparecem devido a esse processo de dissolução do ser que a história da metafísica traz consigo, resta interpretar os acontecimentos tal como aparecem no nível da história. A hermenêutica passa a ser o estilo de quem, abandonando a presunção presumida de quem acredita encontrar verdades axiomáticas em um caminho histórico dominado pela contingência, torna-se capaz de acompanhar a manifestação da realidade para oferecer uma interpretação. Segundo Vattimo, quem consegue interpretar um acontecimento declarando-o bom para o bem comum é a comunidade que o avalia a partir de alguns critérios comuns como a vida e o amor.

Habermas e Vattimo são apenas algumas das propostas que surgiram nas últimas décadas da crise da metafísica clássica e da afirmação de uma cultura que luta para pensar além da soleira da casa. Talvez possam aparecer posições fracas e inconclusivas. Na minha opinião, porém, mostram o esforço para pensar novos caminhos capazes de oferecer alguns princípios, capazes de envolver sobretudo as comunidades, ou seja, os interessados ​​diretos nos problemas enfrentados. Talvez seja este o aspecto, uma das maiores carências do pensamento forte, tão forte a ponto de elaborar teorias que tantas vezes e de bom grado na história rejeitaram os mais fracos.

sábado, 24 de outubro de 2020

9 de NOVEMBRO: I CAFÉ FILOSÓFICO INTERNACIONAL- Enf. 2020 - FS


 

Evento projetado pelo componente curricular Filosofia junto às turmas de Enfermagem da Faculdade de Santa Cruz da Bahia... Aberto à toda comunidade acadêmica e externa à faculdade, objetivando promover análises/reflexões pontuais e contextualizadas ao cuidado e o cuidar em saúde, a partir da Enfermagem e do próprio saber filosófico em busca do sentido fundamental e primeiro de todas as coisa - o arché; tomaremos como principio teórico a obra "Holocausto Brasileiro - vida, genocídio no maior hospício do Brasil". Diante da máxima filosófica entre pergunta/resposta, sujeito/sujeito e, sujeito objeto, problematizaremos filosoficamente questões como: cuidado em saúde e a enfermagem, o silêncio do Estado Brasileiro, desumanidade, direitos humanos, a outra face do horror, etc.

 Fazer a inscrição acessando a este link: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScpc67ovX3MxR2M0_2YedU6ya2_2JKbyGfyBBYiBF963Lwp2A/viewform?usp=sf_link

Link di acesso ao cafè filosófico:

https://meet.google.com/yqf-mbrv-mpo




quarta-feira, 23 de setembro de 2020

REFLEXÕES SOBRE OS CRISTÃOS LGBT (Lesbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais)




ELES SÓ QUEREM VIVER 


Paolo Cugini 

 

 

Esta foi a minha consideração final ao final dos três dias do Fórum com Cristãos LGBT (Lesbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais), ao qual partecipei em Albano Laziale. Eles querem nada mais do que isso: viver como todo mundo. Esta é uma resposta simples e banal à clássica questão de que pessoas decentes, aquelas pessoas que pensam que estão certas e verdadeiras, pelo simples fato de se sentirem normais (eu não escrevi: é isso, mas parece): que o que esses caras querem? Eles querem viver, minha querida senhora homofóbica; eles desejam viver livres e não julgados, meu caro senhor, da porta ao lado, que te enoja só de ouvir a palavra homossexual ser mencionada. É este dado existencial muito simples que compreendi nestes belos dias de amizade, estudo, oração e partilha. 

Enquanto ouvia os relatos, participava de grupos de trabalho, rezava, me perguntava: mas por que chegamos a tal ponto que as pessoas têm que esconder sua identidade, por medo de repercussões, não só na família, mas também no trabalho e também - lamento muito a dizer, mas é a verdade - na Igreja. O que aconteceu?

Ouvir os testemunhos de cristãos homossexuais, de seus pais (fiquei particularmente impressionado com os testemunhos de algumas mães), de seus sofrimentos muitas vezes causados ​​por homens da Igreja, que usam a doutrina como facão sem qualquer escrúpulo, forte da identificação doutrina-verdade, me pergunto: a que serviram séculos de filosofia e teologia, se não conseguiram derrubar preconceitos ancestrais injustificados no pensamento ocidental, sustentados apenas por razões artificiais, criados para salvar a opinião comum? Embora durante décadas a ciência afirme que existem pessoas que nascem homossexuais, a cultura em que nascemos e na qual estamos imbuídos, rejeita este fato confirmado pelas mesmas pessoas em causa. Bastaria parar e ouvi-los. Como padre digo: bastaria levar a sério os depoimentos ouvidos nas confissões, para entender que na doutrina católica que declara " a inclinação homossexual objetivamente desordenada " , há algo que não funciona, algo que não é inerente à realidade. Quando a teologia não explica a realidade, ou a explica em parte, remendando o que, por pré-compreensões culturais, não consegue compreender, significa que tomou o caminho da ideologia e, como sabemos, qualquer ideologia é tendenciosa, defende interesses, provoca divisões dentro e fora das pessoas. 




Como a teóloga Cristina Simonelli, atual presidente das teólogas italianas, argumentou em seu discurso no V Fórum de Cristãos LGBT: “O catecismo da Igreja Católica é uma síntese datada, certamente não eterna ou intangível: como prova, a legalidade de pena de morte, até mesmo a desordem objetiva pode ser removida! É, portanto, um documento que merece respeito, sim, mas também compreensão histórica, crítica, teológica e, portanto, debate”. 

Acompanho cristãos LGBT como pastor há apenas dois anos e já cansei de ouvir a hipocrisia da Igreja a que sirvo, que usa as palavras mágicas de acolhimento e inclusão sem então, por outro lado, oferecer o seu conteúdo. Fico espantado quando ouço as lindas palavras de boas-vindas daquela minha Igreja, que depois expulsa vulgarmente do confessionário irmãos e irmãs que se ajoelham para pedir misericórdia. O que é isso? Sobre o que estamos conversando? Acima de tudo: percebemos os desastres que estamos criando em nome de um Evangelho que o mundo não reconhece em nossas escolhas e em nossas atitudes esquizofrênicas? Com a boca, de fato, dizemos algo, enquanto com nossos gestos o negamos. Por que não permitimos que um homossexual leia na igreja ou faça catecismo (neste tópico específico, a literatura é desagradável e vergonhosamente enorme)? Como você pode dizer aos cristãos LGBT " Bem-vindo à comunidade " e depois bispos e padres proíbem a realização de vigílias pelas vítimas da homofobia? 

Quanta vergonha e quanto embaraço me senti nestes dois anos em que junto com amigos e amigas do grupo organizamos vigílias de oração e fomos bárbaramente e violentamente agredidos por aqueles mesmos irmãos e irmãs que no domingo nos encontramos em volta da mesma mesa do Senhor para ouvir sua própria Palavra e se alimentar de seu próprio corpo. Por que essas coisas acontecem? O que eles fizeram? Eles não têm o direito de orar como todos os outros? Por que você, que foi posto para ser o pastor em conformidade com o Evangelho do Senhor, bate as portas na cara desses irmãos? 




Quem há anos trabalha com os cristãos homossexuais sente que, graças também aos impulsos e estímulos doutrinais do Papa Francisco, é chegado o momento de ousar mais alguns passos no sentido de uma acolhida que se sustente numa nova elaboração doutrinal e teológica. Foi o que recordou a irmã Fabrizia que, durante dez anos, junto com as irmãs dominicanas, abriu as portas do mosteiro de Florença. Depois de relembrar que: “ nossas comunidades cristãs, que em sua maioria condenaram as pessoas LGBT presentes a se esconderem, deixando a suspeita de um vínculo sutil entre a condição homossexual e a perversão moral, devem reconhecer que traíram o olhar de bênção de Deus , "Irmã Fabrizia acrescentou que " por como a conversão pastoral é importante, estamos convencidos de que isso não é suficiente. Acreditamos que a teologia é chamada hoje a repensar com coragem, de acordo com sua vocação específica para a pesquisa, as questões relativas ao mundo LGBT”.  

Nossos irmãos e irmãs LGBT estão nos fazendo crescer, estão nos ajudando a tirar o véu da hipocrisia de nossos olhos, estão nos ajudando a entender o evangelho, tornando-se assim um lugar hermenêutico incrível. Por isso, somos gratos a você e oramos para que nossos pastores-bispos também saiam de palavras fáceis e atitudes fáceis de maneira o mais rápido possível, para finalmente reconhecer o dom da graça que Deus deu à sua vida homossexual.

 

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

A BÍBLIA E O PROBLEMA DA INTERPRETAÇÃO

 



A comunidade dos fiéis antes das Escrituras

Paolo Cugini

 

 Demorou, mas até que chegou o tempo de entender

Demorou vários séculos para lermos a Bíblia e entender o significado, ou seja, para compreendermos aquilo que ela quer dizer além da pua letra. Demorou séculos para a Bíblia se tornar a Palavra de Deus para homens e mulheres e dizer algo para eles, por suas experiências, para ajudá-los a viver de uma maneira autêntica sua humanidade, a partir de sua realidade. Demorou milênios para sair da idolatria da letra para finalmente entrar no mundo do Espírito. Era impossível, de fato, que palavras escritas há alguns milênios atrás pudessem dizer algo significativo para o homem e a mulher de hoje. Era impossível para um texto velho como este ser atual, vivo. Na verdade, nenhuma palavra é pura. Também os discursos que encontramos na Bíblia, estão mergulhados na cultura, tradições locais, idiomas ligados a uma determinada região, visões do mundo inerentes a um determinado período histórico. Os filósofos Heidegger e Gadamer nos ensinaram que qualquer idioma nunca é puro, mas é portador de tradições que devem ser compreendidas, interpretadas.

Como foi possível pensar que a letra, tão impregnada de terra e história, pudesse permanecer atual por todos os séculos e por todas as culturas de todos os tempos e latitudes? No entanto, aconteceu assim. Embora São Paulo tenha alertado que a letra mata e que é o espírito que dá vida, no entanto por muitos séculos a Palavra viva foi aprisionada na letra morta. Sem dúvida, há um sentido literal que deve ser ouvido e respeitado.

 

O sentido espiritual

Já os Padres da Igreja, porém, exortaram os fiéis a buscar o sentido espiritual. Para ajudar nesta pesquisa, desenvolveram o método tipológico, pondo em paralelo os textos do Novo Testamento com os do Primeiro Testamento. Desta forma, se destacava o caráter de cumprimento da presença de Jesus na história, para evidenciar a continuidade da história da salvação. O método tipológico permitiu, então, entender como em perspectiva de salvação, a vinda de Jesus Cristo foi o ponto culminante do processo histórico-salvífico. Até o método alegórico, desenvolvido por Filo de Alexandria algumas década antes da vinda de Jesus, ofereceu algumas ideias importantes para sair dos pântanos da letra. Demorou vários séculos para chegar, com Schleiermacher, para tomar a sério a questão da interpretação do texto sagrado. No intervalo, houve a diatribe de Lutero com a Igreja, o que atrasou os tempos. 

Porquê a Igreja demorou tanto para entender que a letra precisa ser interpretada para liberar o conteúdo que traz?

 


Como é possível?

Um texto como a Bíblia, que vem de longe e é portador de muitas tradições, de muitas mãos, que emana o grito vindo de tantas culturas, de tantas histórias, não pode ser lido superficialmente, não pode ser lido apenas no nível literal. Como é possível pensar que basta ler um texto como este para compreender imediatamente o seu significado? Como é possível identificar a Palavra de Deus com a letra? Quantas pessoas têm sido destruídas, no sentido literal do termo, porque o significado foi identificado com a pura letra! Galileu é o exemplo mais notável. Mas não há necessidade de incomodar Galileu. É suficiente observar o que também está acontecendo hoje em muitas comunidades cristãs, não apenas católicas. Na introdução à Bíblia das comunidades neopentecostais está claramente escrito que, embora reconheçam seu valor, rejeitam a contribuição do método histórico-crítico aplicado à Bíblia. É melhor viver com a cabeça na areia do que enfrentar a realidade. Se apesar de todos os esforços seja da ciência que da filosofia hermenêutica para compreender melhor o sentido do texto, há quem os rejeite e se esconda atrás da letra, quer dizer que, neste ponto especifico, Deus e a religião não têm mais nada a ver com isso. Neste ponto, entramos no espaço delicado da psicanálise, que não é do nosso interesse neste trabalho.

 

A Bíblia na época medieval

Se observarmos o curso da história de forma síncrona, notamos que, quando mais no debate da Igreja o enfoque é o problema do papel do papado, então o debate sobre a Palavra de Deus perde de interesse. Essa distonia é percebida pela leitura dos documentos oficiais da Igreja em que, a certa altura, as citações da Escritura perdem cada vez mais peso a favor de citações das encíclicas dos papas. A escassa atenção às Escrituras é, sem dúvida, uma das razões fundamentais que impulsionaram o problema da interpretação. A atenção para ouvir a Palavra foi substituída pela formulação de dogmas e doutrina. Ser católico significava, em determinado momento da caminhada histórica, conhecer a doutrina. Não se percebeu que, desta forma, caímos numa espécie de gnosticismo vulgar, a baixo custo. Neste clima teológico e espiritual, o devocionismo moderno encontrou espaço no coração do catolicismo. Se não é mais a Palavra de Deus para guiar a comunidade cristã, mas um conjunto de preceitos que foram memorizados juntamente com a participação de alguns ritos, então, a dimensão individual da vida espiritual, desconectada do nível social, foi facilitada. Em certo sentido, poderíamos dizer que, em determinado momento do caminho, a Igreja não estava mais interessada e não precisava mais interpretar a Sagrada Escritura. A vida espiritual já estava cheia de devoções e preceitos que cumpriam a tarefa de alimentar a fé dos fiéis. Além disso, a Escritura da época dos Padres, deixou de ser a principal referência que alimentava a vida da comunidade. Mesmo na liturgia a Palavra de Deus não teve um papel central, mas secundária, também porque na liturgia, a partir do século VIII com Amalário de Métis, iniciou um processo de ritualização progressiva. A Palavra de Deus, que causa a conversão dos corações, não é mais importante, mas o que importa de agora em diante é ver o corpo sacramentalizado de Cristo. Os grandes pregadores das ordens mendicantes da época medieval, preocupados em estimular o sentido de culpa dos ouvintes, mais do que uma autêntica conversão do coração, que leva a uma escolha consciente e para um compromisso comunitário, impulsionaram ao máximo o envolvimento dos sentimentos na experiencia da fé, ao invés da razão. O cristianismo, além de se tornar a religião do império, passa a ser um fator social e político. 

 


A época moderna

O distanciamento entre ciência e fé, entre religião e razão, que ocorreu na época moderna, encontrou o terreno favorável para a mudança que o próprio Cristianismo viveu desde a época de Constantino no século IVo. Ao mesmo tempo, no entanto, é justo salientar que, mesmo nesta época, a fé e a ciência moderna não se ignoraram totalmente. Vários cientistas, de fato, nunca esconderam a própria fé e os interesses pelo mundo religioso. Acima de todos, vale a pena mencionar Isac Newton que, entre seus inúmeros escritos científicos, também incluiu alguns comentários bíblicos.

A necessidade de abordar a Palavra de Deus de maneira crítica ocorre no Ocidente seja como consequência da importância que as igrejas protestantes atribuíam à Bíblia, tanto por causa da mudança do contexto social e cultural. Por um lado, o Iluminismo, por outro o crescimento da abordagem científica da realidade devido às descobertas e invenções da era moderna, abriram espaço para uma contaminação positiva também no tecido religioso e eclesial. A razão está cada vez mais separada da fé, relegando-a à esfera da magia. Por outro lado, a Igreja, depois do tempo dos Padres, mergulhou na defesa do poder temporal e de intrigas políticas, que havia abandonado o interesse nas dissertações sofisticadas, relegando-as ao debate universitário entre franciscanos e dominicanos. 

 

O começo de um novo estilo

O problema hermenêutico, ou seja, da interpretação dos textos, nasceu do impulso das ciências modernas que passam a abordar um texto antigo numa nova maneira. Percebemos que um texto não é apenas a expressão do pensamento de um autor, mas ele mesmo traz consigo resíduos culturais de seu tempo, opiniões, modos de ser e de falar. Para apreender a objetividade do texto, ou chegar perto dele, requer um esforço científico significativo. É com a Nouvelle Histoire que desenvolve seu projeto científico em torno da revista Les Annales fundada em 1924, que é manifestada toda a eficácia do arsenal científico para analisar um período histórico a partir de seus documentos. Psicanálise, antropologia, etologia, geografia, arqueologia: tudo que pode ajudar a intervir para melhor compreender um período histórico, um documento, é bem-vindo. Há uma primeira observação que me parece necessária: doravante é claro que nenhum texto pode ser observado por uma só perspectiva. O texto contém uma pluralidade de conteúdos, que requerem uma pluralidade de ferramentas a serem compreendidas. Se isso é geralmente verdade, ainda mais para os textos antigos como, precisamente, os textos da Bíblia. Finalmente, saímos do infantilismo idólatra de primazia da letra. Pluralidade de expressão que encontramos já expressa pelo texto bíblico, que é tudo menos um texto único e uniforme.

 


A Igreja nas trincheiras

A Igreja oficial tem se defendido ao extremo diante da abordagem científica dos textos sagrados.  Do seu ponto de vista, o problema não era tanto em entender melhor um texto, mas em perder a prioridade de interpretação sobre o mesmo. Admitir o método histórico-crítico significava permitir que outra pessoa metesse o nariz em algo que sempre foi prioridade exclusiva do magistério eclesial. O problema não era a compreensão, mas a autoridade sobre texto. A polêmica modernista, que teve na encíclica Pascendi de Pio X em 1907 o auge extremo, foi o terreno cultural em que uma guerra perdida foi travada. O Divino afflante Spiritu de Pio XII de 1943, de fato, reabriu as portas dos estudos bíblicos, mostrando que agora era impossível resistir à evidência hermenêutica da necessidade de uma nova abordagem aos textos sagrados. Não foi, na verdade, apenas a pressão que veio de mundo científico em geral, mas também das novas correntes teológicas, como a Nouvelle Théologie, que impulsionou a Igreja a se abrir ao novo. 

 

Entre hermenêutica e linguagem

Alguém pode se perguntar: por que essas resistências por parte da Igreja? Haveria muitas respostas que poderiam ser dadas e que temos em parte esboçado acima. O importante é que ocorreu a contaminação científica na era moderna, que não permite que a religião se isole e se feche, aliás ela abre as portas para outra contaminação mais profunda: a contaminação hermenêutica. No final das contas, a relação entre um texto e um leitor não envolve apenas tradições culturais, aspectos antropológicos e geográficos, mas também e sobretudo a linguagem. Se Deus fala ao homem usando seu plano de comunicação e compreensão, significa que é isso nível que precisa ser explorado.

Em Letra ao Humanismo (1946), o filosofo alemão Martin Heidegger argumentou que a linguagem é a casa do ser. A linguagem é o que o homem dispõe para conhecer o mundo. Nossa experiência do mundo é condicionada pelo fato de termos uma linguagem que herdamos. Ter uma linguagem significa que o homem é dialógico. Hermenêutica é uma palavra incomum. A hermenêutica deriva do deus Hermes (Mercúrio), o deus que traz mensagens aos deuses. Hermenêutica, nesta perspectiva, é a arte de interpretar mensagens que não são evidentes. É um conjunto de regras destinadas à interpretação de textos. No século passado, se falava da hermenêutica como uma filosofia. É uma filosofia que pensa que o fenômeno da interpretação não diz apenas a respeito da relação com textos difíceis, mas é um fenômeno que diz respeito a toda existência. Quando olhamos para o mundo, o interpretamos, temos os padrões que herdamos com a língua materna. 

“Não existe experiência do mundo - diz o filosofo italiano Gianni Vattimo - senão por meio de uma linguagem que herdamos, o conhecimento é então a interpretação ao invés do reconhecimento de algo objetivo. Isto não é um defeito. Qualquer relação com o mundo é interpretação: este não é um limite, mas um patrimônio ".

 Isso também se aplica ao texto bíblico. Os autores, enquanto escrevem um texto inspirados, eles também transmitem, por meio da linguagem, o que herdaram da cultura em que viveram, das ideias que tinham sobre o mundo, das razões que os levaram a escrever. Há, então, uma intencionalidade na linguagem, que é interpretação e que, portanto, deve ser aprofundada. Compreender este aspecto é compreender o significado profundo do mistério da encarnação, o paradoxo da eternidade que entra no tempo. Afinal, o texto sagrado é a manifestação deste mistério. Acreditar na Palavra de Deus significa acreditar na encarnação do Verbo e na possibilidade de encontrar Deus na carne humana, na letra escrita. Por isso, a compreensão exige um esforço, um cansaço que fala de um desejo de encontrar Deus. A hermenêutica forneceu uma ferramenta importante para ajudar qualquer um para entender o texto. Podemos argumentar com segurança que a hermenêutica tem mudado o caminho da Igreja, libertando-a, por assim dizer, da sua jaula de ouro, forçado a enfrentar o mundo. 

Habitar a linguagem bíblica com uma atenção hermenêutica, deveria produzir por seus leitores e pelas comunidades que tem como referência a Bíblia, uma atitude dialógica e tolerante. Se a Palavra de Deus precisa, pra ser melhor compreendida, de uma diversidade de ferramentas hermenêuticas e heurísticas, da mesma maneira a comunidade que se reúne em torno do texto deve agir, ou seja, não se fechar, mas permanecer aberta aos diversos significados dos quais o texto é portador. A contaminação hermenêutica permitiu à comunidade cristã remover o véu sobre o significado autêntico da verdade que a Bíblia pretende comunicar. Longe de ser uma verdade axiomática e matemática, o que exige uma assimilação fria e asséptica dos conteúdos, a revelação da verdade de Deus em Jesus Cristo ocorre no nível da história e é neste nível que deve ser encontrada. Se isso for verdade, a interpretação do texto é auxiliada tanto pelo método histórico-crítico que da hermenêutica para compreender plenamente o seu significado.




Conclusão: comunidade e palavra de Deus

 É, no entanto, a comunidade reunida que pode captar o significado profundo da Palavra revelada. A Palavra de Deus é, na verdade, uma palavra contextualizada, que fala a uma comunidade específica que vive em um contexto específico. É a comunidade que se torna o lugar privilegiado para a compreensão da Palavra. A contaminação hermenêutica, além de auxiliar na compreensão do texto, tem contribuído para trazer a Palavra de Deus de volta ao seu lugar espiritual original, ou seja, a comunidade dos fiéis reunidos. Desta forma, o prejuízo provocado ​​pela devoção moderna, que causou o fechamento da dimensão religiosa na esfera individual, é atenuado graças a dimensão comunitária da religião. Escrevo atenuado porque o devocionalismo com a tendência para o fechamento na esfera individual ainda é, não apenas muito viva e presente no panorama religioso atual, mas também incentivado. Para sairmos do pântano individualista e assim redescobrir a dimensão comunitária do cristianismo é preciso acolher as contribuições mais significativas da abordagem hermenêutica da Sagrada Escritura.

 

sábado, 12 de setembro de 2020

EVANGELIZAR NESTE NOVO CONTEXTO CULTURAL

 




FUNDAÇÃO MIGRANTES

 


ENZO BIEMMI

Roma, 12 de setembro de 2020

 

Resumo: Paolo Cugini

 

Através de uma vida entregue ao Evangelho procuro dizer o que acredito.

1. A mudança do tempo e a figura de um Cristianismo de liberdade e escolha Ele acabou com o Cristianismo na sua forma sociológica, que o cristianismo em que um não poderia ser outra coisa senão Christian .

Três etapas:

  1. Alguém se torna um cristão
  2. Alguém nasce cristão e não pode deixar de ser
  3. Alguém não nasce mais cristão, pode se tornar um

Existem outras maneiras de viver bem sua vida. A vida cristã retorna ao seu estado original de proposta livre. A cultura atual transmite liberdade religiosa. A resposta negativa é a da nostalgia: multiplicar as ações para trazer de volta a situação de quando o cristianismo era majoritário. Ó dia ou as oportunidades de oferecer o Evangelho como uma escolha .

2. Somos uma minoria , mas alegres. Nesse contexto plural, estamos de volta ao que éramos no início. Minoria alegre Depois da monocultura, o apelo do Espírito é habitar a biodiversidade cultural e religiosa. Recupere o espírito da carta a Diognetus O problema com o Cristianismo é decidir qual minoria queremos ser. Não somos uma seita, um refúgio da complexidade da história. Não vo gl e são uma minoria contra um prisioneiro de ressentimento. É a tentação mais forte para aqueles que já são maioria.

Somos chamados a ser uma minoria a favor, inserindo uma profecia, uma diferença que sinaliza que o Evangelho pode dar algo aos homens e mulheres de hoje.

Cristianismo da graça. Jesus é o salvador de todos No entanto, o Espírito Santo está incluído em todos os corações. A fé como adesão explícita não condiciona o amor do Espírito e não é necessária para a salvação. O espírito não está vinculado aos sacramentos.

Gaudium et spes 22 : Cristo morreu por todos. Devemos acreditar que o Espírito Santo trabalha para entrar em contato com todos com o mistério pascal.

3.La fé cristã é se a mesma ordem de desnecessária no que diz respeito à salvação. As pessoas não consideram mais necessário viver. Foi o próprio Deus que em Cristo Jesus decidiu tornar-se desnecessário. Está em si disponível sem nunca se impor e não condiciona a resposta. Ele deu a todos o Espírito. O que todos precisam para a salvação é amor, caridade. Não seremos julgados pela fé, mas pelo amor. Em todos e em todos existe uma primeira graça ou uma fé elementar, uma fé prática, uma fé de segunda mão e que em alguém, por uma segunda graça (Jo 1,17), ter encontrado o Senhor Jesus ou a fé do discípulo ou confessar fé. Alguém. Jesus no Evangelho tem 12 apóstolos, alguns discípulos e muitas pessoas que o seguem. Não existe uma maneira única de viver a fé Testemunhe a fé em um contexto secularizado e marcado pela pluralidade de caminhos humanos. A fé passou como necessário não faz mais sentido hoje. O evangelho nos precede.

A necessidade de evangelização. Você pode viver sem encontrar a pérola rara, mas quando a encontra, sua vida muda. Não podemos renunciar a anunciar o Evangelho. A evangelização é necessária:

  1. Para nós mesmos recebemos a segunda graça. Estamos no espaço da necessidade intrínseca.
  2. 1 Jn: para que a nossa alegria seja completa. Algo está faltando em nossa alegria até que isso seja compartilhado .
  3. EG: porque não é a mesma coisa ter conhecido Jesus ou não conhecê-lo. É por isso que evangelizamos.

Evangelho como graça da humanidade Chegamos e Deus já está lá. A fé cristã é um dom para que todos se tornem mais humanos e tornem o mundo mais humano. No centro da afirmação refazer está: para nós homens e para nossa salvação para o ser humano e sua plenitude. Consequência: basta trabalhar inspirado no Evangelho para tornar mais humana a vida de um irmão e de uma irmã. Precisamos de alguém que saia e trabalhe pelo ser humano inspirado pelo evangelho. Há um ser humano que é portador do Evangelho.




6. A igreja é um lugar hospitaleiro para histórias A fé cristã não é uma filosofia de vida, é uma relação que se concretiza na história: uma relação permanente. A Igreja é antes de tudo um espaço de narração, uma casa onde ressoam os contos das histórias da salvação. Lugar que protege e promove as histórias e tramas nas grandes narrativas das maravilhas de Deus, com suas próprias histórias de salvação. Outros devem ver em nós a verdade das histórias que contamos e abrir espaço para suas histórias. A Igreja como hospedaria de contos.

7. O conteúdo da catequese : a pessoa de Jesus, o Kerigma. Francis EG 154 Jesus Cristo te ama e está vivo ao seu lado Temos que anunciar isso. Precisamos de alguém que nos diga: olha que Jesus Cristo te ama. Não será completo, mas é generativo. Outro termo do Kerigma que Francisco indica é: misericórdia.

8. O conteúdo da catequese Na Tradição da Igreja foram preservados os conteúdos, que têm a função de salvaguardar os conteúdos e não desfigurar o rosto de Jesus, houve um grande desenvolvimento. Todos esses conteúdos são as explicações cognitivas, morais, rituais e éticas que brotam das Escrituras. O livro da catequese é a Sagrada Escritura. Os outros textos são ajudas, mediações. Quatro sínteses: Credo, Sacramentos, Mandamentos. Nosso pai,

9. Fé: uma confiança inteligente Deus se entregou às nossas histórias e também à nossa inteligência. O anúncio permite dialogar com as grandes questões da vida e da cultura. A razoabilidade da fé é um requisito de todos e de todos. O anúncio é relevante nesta condição cultural? Isso é o que devo fazer a mim mesmo como uma pergunta. Queria ver com inteligência o que eu acreditava (Agostinho). Pensar é constitutivo da fé para reconhecer a identidade de quem veio ao nosso encontro. O sentido do ato de acreditar, o sentido de esperança. Nesse horizonte há espaço para dúvidas. É preciso ter autorização para ser sempre crítico. aul Claudel: a dúvida é uma homenagem à liberdade de Deus para o homem .




10. er uma fé popular Legitimação de uma figura de fé habitável por todos, em particular pelas pessoas mais simples, que nasce dos problemas da vida, com todas as dimensões da vida (gestos, afetos, etc.). Valor da religiosidade popular. A religiosidade popular surgiu como um antídoto para as formas de expressão de fé aprendidas com tropas. É alimentado por três necessidades:

  1. simplicidade do relacionamento com Deus .
  2. Possibilidade de relacionamento direto, e não apenas mediado por padres. Imediatamente
  3. Relacionamento útil.

Existe uma profecia na religiosidade popular. Recupere um Cristianismo popular que entre em uma relação recíproca com o Cristianismo tradicional e erudito.