domingo, 16 de setembro de 2018

ESTAMOS PERDENDO A JUVENTUDE






Paolo Cugini

Foi esse o título de um artigo que chamou muito a minha atenção, que apareceu numa revista religiosa o mês passado. O autor – prof. Renold I. Blank – lançou um “grito de alerta” sobre a situação de juventude na Igreja Católica. Segundo ele, os grupos jovens da igreja alcançam pouquíssimos jovens, também porque a proposta deles é muito radical.

Quem não é engajado na luta social (PJMP) ou quem não quer rezar (grupos de oração) não pode pertencer ao grupo. E assim a grande maioria dos jovens não é atendida. Infelizmente os coordenadores dos grupos jovens, deparando sobre a dificuldade de liderar com os jovens, ficam paparicando os poucos sobreviventes abrindo mão do esforço missionário, base de um trabalho com a juventude.

Uma Igreja que quer ser proposta positiva para os jovens deveria, em primeiro lugar, sair nas estradas, nos praças, nas escolas e, porque não, nos bares para encontrar os jovens onde eles vivem. É o contato humano, o encontro pessoal o primeiro meio de evangelizar. O conteúdo passa através da relação e, esta, para acontecer, deve ser procurada e deve ser realizada de forma desinteressada. É a bondade das nossas relações que se torna sinal de algo de misterioso que provoca a curiosidade.

A maioria dos jovens não freqüenta a Igreja, não andam nos nossos “importantíssimos” encontros, não se sentem envolvidos em lutas sociais e não gostam de rezar. Nem por isso não precisam encontrar-se com os outros jovens, para aprofundar o conhecimento de si e do mundo. Aliás deveriam ser eles os primeiros sujeitos do nosso trabalho de evangelização.

Pessoalmente acho que o problema que não permite aos agentes de pastoral de fazer um passo mais firme para encontrar a juventude, è devido à maneira de entender o problema da evangelização. Para a esmagadora maioria dos agentes de pastoral, evangelizar os jovens significa catequizar, organizar grupos de oração, ou, grupos de engajamentos sociais. O fato é que mais de 96% dos adolescentes e jovens das nossas Paróquias, não entram nesses esquemas. Talvez, a historia está querendo nos convidar para pensarmos caminhos de evangelização deferentes, mais criativos, em outras palavras, mais atentos a realidade complexa da juventude de hoje.

Isto quer dizer que a Paróquia, além de promover grupos de jovens que querem aprofundar o conhecimento de Jesus (PJMP) e grupos de oração, deve aprender a pensar de uma forma mais livre e criativa. Deve, por assim dizer, elaborar umas propostas para a maioria dos jovens que não pisam o pé na Igreja e não se sentem atraídos pelas nossas propostas religiosas. Poderia ser este o trabalho de um conselho pastoral ou do grupo  dos coordenadores de grupos de jovens.

Mas não é um conselho pastoral que pode entender o rumo que a pastoral da juventude deve tomar. É a vivencia com os jovens, é a rua, a praça, os novos areópagos aonde a juventude se encontra, ou seja, nas redes sociais que se decide o que fazer e como enfrentar o delicado tema da evangelização da juventude. Não podemos, também, passar a vida toda se queixando porque os jovens não andam nas missas, pois é um tipo de proposta que não bate na vivencia deles. É tocando a realidade dos jovens que podemos entender o caminho que Deus está preparando para que possam se encontrar com Ele.

Para um tipo de trabalho desse, quer dizer bem missionário e despojado, é preciso pessoas que já encontraram o Senhor e que se alimentam do seu amor. Não tem possibilidade nenhuma de desenvolver um trabalho de evangelização se cultivar interesses pessoais. Talvez seja este o problema maior da nossa pastoral da juventude. Entram no campo da missão, obreiros que cultivam algumas expectativas pessoais, muitas vezes de tipo afetivo. Quando não tiver gratuidade, não vai muito longe no trabalho pastoral, pois a gratuidade é um sinal da presença de Jesus Cristo na historia.  São pessoas que alcançaram uma maturidade afetiva e humana que podem criar relações humanas livres e, por isso, caminho de um autentico encontro com Cristo. Pelo contrario, quando a ação pastoral no meio dos jovens é liderada por pessoas não resolvidas afetivamente, a projeção deles sobre os jovens que encontram é misturada e, ao mesmo tempo guiada, pelas carências afetivas não resolvidas.

Por isso Jesus não dava ousadia quando as pessoas o procuravam para prestigia-lo depois de um milagre. Ele não se alimentava da fama humana, mas do amor do Pai. Esta é uma grande indicação não apenas religiosa, mas também humana, que nos ajuda para avaliar a nossa maneira de liderar com as pessoas que nos rodeiam no trabalho pastoral, sobretudo com a juventude. Estou frisando a juventude porque a personalidade de um jovem é ainda em formação e o desastre que nele pode provocar um evangelizador carente e mal resolvido na afetividade, é demasiado grande. As crônicas que lemos nos jornais nestes dias, estão confirmando, infelizmente, as minhas palavras.




3 comentários:

  1. Os jovens da actualidade urge que precisa de uma evangelização paciente,pois nossa sociedade há uma juventude com ideias de vida "livre"com persistência no amor os milagres irão acontecer sobretudo nas relações diária.Eles não suportam injustiça sócias que muitas vezes acontecem no âmbito familiar... vivem de uma forma humanizada justamente que Cristo viveu...

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  2. É um grande desafio lidar com a juventude de hoje.

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