terça-feira, 11 de setembro de 2018

CEBs E SACRAMENTO DO BATISMO



Paolo Cugini
                                                                           
1.   Se é verdade que “pelo sacramento do batismo somos incorporados a Igreja” é também verdade que nas nossas comunidades, em muitos casos, o batismo é algo de estranho, que dificultamos a encaixar dentro a vida mesma da comunidade. Quantas vezes aceitamos como padrinhos pessoas que parecem verdadeiros “marcianos”, no sentido que nunca vimos em momento nenhum na vida da comunidade, seja na vida celebrativa que em outros eventos. Ou quantas vezes batizamos crianças “de cuja educação na religião católica não se tem fundada esperança” Então o problema é este: como celebrar nas nossas paróquias o sacramento do batismo, para que expresse de verdade aquilo que significa, ou seja a incorporação na Igreja católica e não apenas uma passagem, uma rápida visita? Melhor ainda: de que forma podemos celebrar o sacramento do batismo de modo que expresse o começo da caminhada na comunidade e não o termino?

2. As“CEBs são um nível eclesial fundamental onde os batizados vivem a sua fé de modo comunitário, profético e missionário, numa opção preferencial pelos pobres, denunciando o projeto social existente, animando a todos para a construção de uma sociedade orientada pela utopia do Reino de Deus” . Não tem sentido, então, ser membro das CEBs e ficar “frio”, desinteressado, perante a situação social ou a vida mesma da comunidade. Através do batismo, a pessoa entra a fazer parte de um corpo vivo, de membros vivos que exigem contato, relacionamento, envolvimento. È isto que deveria acontecer cada vez que os pais se apresentam à comunidade querendo receber o sacramento do batismo, que os agentes pastorais deveriam traduzir como um pedido de envolver a criança dentro da vida da mesma comunidade. Em São Paulo encontramos o mesmo sentido do sacramento ligado à participação ativa da vida da comunidade: “Todos fomos batizados num só Espírito para sermos um só corpo” (1Cor 12,13). O Espírito Santo recebido no sacramento do batismo visa a construção do corpo de Cristo, que é a Igreja.

3. Como traduzir estas idéias no nosso dia a dia pastoral? Como celebrar o sacramento do batismo para  que marque efetivamente o ingresso e a participação ativa na vida na comunidade? Para responder a estes questionamentos, tentarei esboçar algumas indicações tiradas da pratica corriqueira e da convivência com agentes pastorais.
Em primeiro lugar, se quisermos ligar de uma maneira intrínseca o batismo á vida da comunidade, precisamos fazer de tudo para que a comunidade exista. Não podemos, de fato, exigir a participação ativa da comunidade para pais de crianças que moram mais de duas léguas distantes da capela. Iremos formar comunidades também aonde o numero de casas é escasso, mas pelo menos garantindo um mínimo de CEB.
Em secundo lugar, não adianta fundar comunidades se depois não tivermos a paciência de acompanhá-las com visitas freqüentes para estimular as pessoas manifestando a própria solidariedade pelo processo eclesial iniciado.

Enfim, para que a comunidade possa caminhar com as próprias pernas, será necessário um constante trabalho de formação da liderança local, sobretudo para ajudá-las a assumirem as decisões necessárias pra levar em frente a comunidade. Uma destas decisões poderia ser a admissão dos candidatos ao batismo, feita pelo conselho pastoral da comunidade em dialogo com o padre e as irmãs da paróquia. È claro que, uma comunidade viva e ativa como esta, com liderança que assume com responsabilidade as decisões pelo bom andamento da caminhada da comunidade, não precisa mais de organizar cursos de batismo para pais e padrinhos. Este é, aliás, o sonho expresso também nas “Orientações Pastorais” da nossa diocese, quando relata que: “o ideal é chegarmos a um crescimento comunitário na fé em que não necessite mais de “cursos de preparação”, mas onde a participação e o testemunho cristão das famílias sejam os critérios  para a admissão ao Batismo” .
È verdade que não se vive só de sonhos e de utopias, mas fazer de tudo para que estes sonhos se realizem, faz parte da nossa ousadia pastoral.

 


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