quarta-feira, 10 de julho de 2024

Mesa Redonda – Política Econômica e Democracia participativa em tempos digitais

 


36º Congresso Internacional da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (Soter) - PUC Minas-Belo Horizonte, 9-12 julho 2024

 

Mesa Redonda – Política Econômica e Democracia participativa em tempos digitais

 

Palestrante 1: Dr. Érico João Hammes (PUCPR)

Palestrante 2: Elio Estanislau Gasda (FAJE/BH)

Moderador: Carlos André Cavalcanti (UFPB)

 

Síntese: Paolo Cugini

 

 Érico João Hammes (PUCPR)

Os tempos digitais nos colocam próximos da existência humana. Fazemos parte de uma realidade que pode nos transformação. Somos parte de uma grande fabricação e transformação.

Os meios técnicos potencializam as possibilidades humanas. A AI pode ser considerada neutra: este é o problema. É importante a responsabilidade dos cientistas, as decisões que eles tomam, a que ética fazem referência. A IA ´uma conquista admirável. As máquinas poderão superar o ser humano?

Quando pensamos na democracia podemos lembrar os movimentos de extrema direita que tenta sufocá-la. A democracia implica um governo eleito por uma população responsável. A democracia requer a lei, a separação entre os diferentes poderes, a liberdade dos meios de comunicação.  

É possível pensar a origem antropológica do poder na organização de grupo em vista do bem-estar. O princípio democracia possui uma fragilidade intrínseca, porque coloca o poder na mão do povo. Este aspecto é radicalizado no caso da democracia participativa. A democracia participativa questiona a democracia representativa, questiona a maneira de desenvolver o processo político, pois deixa atrás o povo, que não é mais envolvido no caminho do interesse direto com o bem comum. A democracia participativa é criticada porque os indivíduos são isolado e não pertencem a grupos referenciais.

Hoje temos obras que abordam o tema da democracia participativa em base digital. Na Estônia foi produzido um caminho de democracia participativa digital. Tem o problema da democracia em risco. O risco hoje está ligado ao mundo digital, pois tem uma força deletéria. No Brasil a escolha foi entre a barbaria e a política. Tem depois toda a dinâmica religiosa onde pessoas se consideram escolhidos, ungidos. Tem pastores que falam isso. Identificação do governante com Deus. A Igreja Católica abre esta tensão entre violência e democracia e sustenta a democracia.  No Brasil tem um estudo sobre a democracia digital.

Ponto de vista teológico. Se houvesse um povo de Deus, se governaria de forma democrática. A democracia cristã descreve a sua orientação política: Deus, família, trabalho, pátria. A doutrina social da Igreja nos lembra que a participação é fundamental no processo democrático. Na Centesimus anos João Paolo II fala positivamente do envolvimento dos cristãos na política. O monoteísmo representa o fundamento viável para a possibilidade da democracia. A autoridade de Deus vem para a comunidade e não para a pessoa. Não há espaço pela forma da teocracia. O divino se esvazia de si mesmo: isso é visível nos movimentos de encarnação (Ex 3).

 

Elio Estanislau Gasda (FAJE/BH)

Economia política e democracia em tempos digitais.

Assistimos a uma grande crise da democracia representativa.

Infocracia: digitalização e a crise da democracia. Midia digital é um processo de dominação. Hoje é soberano quem controla a mídia. (Han)

Disforia informacional: tática de regimes autoritários. Ânsia quando não podemos fazer nada contra o controle das informações por parte de regimes autoritários. Ocupar o espaço publico com informações erradas.

Ruptura civilizacional: AI é a maior transformação depois da II Guerra Mundial.

Que política irrompe na era digital. O que fazer.

IA e capitalismo digitalizado. Precisamos sempre lembrar no capitalismo neoliberal. A era digital está dentro este mercado do capital. Tudo é oportunidade pra ganhar dinheiro.

BIG TECHS-Big Money. Tecnologia responde aos interesses do capital. Como resistir a esta força que busca lucro e nada mais. O poder digital é o poder das finanças. O capitalismo está atrelado ao poder digital.

Classe que vive do próprio trabalho. Desumanização do trabalho é uma das consequências da hera digital. Aumentam os invisíveis e a exploração do trabalho.

Política neoliberal. Não pergunte se a AI é boa ou justa, mas pergunte como ela muda o poder (Kalluri). Neoliberalismo é incompatível com a democracia. Está avançando o capitalismo de vigilância. O neoliberalismo tenta de despolitizar a sociedade. Por isso é valorizada a ignorância e a demonização do pensamento reflexivo, a mentira como simulacro da verdade. O neoliberalismo constrói o idiota.

IA e democracia. Para o capitalismo é melhor um governo autoritário. A extrema direita é uma representante do neoliberalismo. Libero arbítrio pode ser realizado por pessoas que refletem e capacidade de decisão.

Pós-verdade. 94 milhões acreditam em fake News. Crise da verdade é uma crise da sociedade. Quem fala bobagem é indiferente da verdade. Hitler utilizava muito a palavra verdade. Hoje a verdade é irrelevante, pois aquilo que importa é ganhar as eleições. Extremistas influencer estão ganhando as eleições. É assim que a democracia morre.

IA Rede sociais derrubam a democracia. As Big tech não são politicamente neutras. Necropolítica é um resultado da democracia que apresenta o neoliberalismo. O problema é como ligar a democracia digital com os direitos humanos.

Compromisso: paresia. Fazer teologia é falar a verdade. (Mc 8,32)

 

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