Paolo Cugini
Todos os anos, em meados de maio, grupos de cristãos
LGBT+ na Itália e na Europa organizam vigílias de oração pelas vítimas da
homotransfobia. Estas vigílias, de cunho ecumênico, são organizadas a partir de
um versículo escolhido online através do Projeto Gionata, portal nacional de fé
e homossexualidade ativo desde 2007. O versículo escolhido para as vigílias
deste ano é um trecho de Paulo: "Onde o espírito do Senhor, há
liberdade" (2Cor 3,17). De acordo com o relatório homophobia.org, de
2013 até hoje na Itália houve 1.384 vítimas de homofobia, das quais 147 só este
ano. "O número de vítimas de violência física - comenta o site -
anteriormente inferior ao de vítimas de episódios não agressivos, representa
56%". Estamos, portanto, diante de um fenômeno que não pode ser silenciado
ou banalizado.
Estas vigílias de oração têm como principal objetivo
quebrar o muro do silêncio, que se encontra não só na sociedade, mas também na
Igreja sobre esta questão. Ao mesmo tempo, é uma ferramenta para ajudar a
comunidade cristã a caminhar na realização de relações autênticas, acolhendo
cada homem e mulher. A questão da homossexualidade é, sem dúvida, uma questão
delicada, que não pode ser banalizada, muito menos tratada de forma
superficial. São muitas as comunidades cristãs que nos últimos anos abriram as
suas portas a grupos de cristãos LGBT+, sinal de que o trabalho de
sensibilização e formação foi feito e está a dar frutos. Aqueles que negam a
homofobia muitas vezes vêm de caminhos existenciais e até espirituais nos quais
o problema não foi abordado ou foi lido à luz de preconceitos enraizados em
nossa cultura patriarcal, difíceis de riscar, se não através de um sério
processo de estudo.
Quem assiste acredita que a oração tem grande força
para desarticular os obstáculos que a razão cria e que o preconceito fortalece.
É na oração que as comunidades cristãs experimentam a presença da luz do
Ressuscitado que atravessa qualquer parede, penetra qualquer resistência,
transforma tudo. Participar destas vigílias significa iniciar um caminho de
conversão, disposto a deixar-se moldar pelo amor do Senhor, que nos ajuda a ver
irmãos e irmãs onde a ignorância nos mostra inimigos. No verso do folheto
preparado para as vigílias deste ano, são indicados alguns motivos para estes
momentos particulares de oração: “para quem pede direitos, para quem quer ser
ele mesmo, para quem quer justiça e um lugar no mundo. Estamos atentos às
vítimas da homotransfobia e ao fim da homotransfobia. Venha
assistir conosco” (Alessandro Previti).
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