QUINTA-FEIRA, 2 de abril
Tema da noite: JULGAR
Introdução: A casa Zoen Tencarari é o nome do projeto de acolhida da casa paroquial
aonde estou morando desde o mês de outubro do ano passado. A casa hospeda jovens
provenientes de vários países (Paquistão, Senegal, Burkina Faso, Albânia, Bangladesh,
Itália, Afeganistão, Iran, Madagascar, Gambia, Gabon). Alguns destes jovens se
encontram na casa porque não sabiam aonde ir, outros, sobretudo aqueles de proveniência
italiana, vieram nesta casa para um período de discernimento, descobrir um
sentido diferente de viver. Alguns destes jovens trabalha, outros estudam e
outros, aqueles que ainda não tem documentos, ficam em casa ajudando nos
trabalhos domésticos. Alguns dentre nós são católicos, outros muçulmanos, ortodoxos, outros
ainda não pertencem a nenhuma religião. Vários jovens que estão aqui chegaram
nesta casa fugindo de guerras o até de perseguições. Esta experiencia foi
implantada pelo pároco padre Mario de 76 anos que depois de passar dez anos nas
missões em Tanzânia, na África, quando voltou decidiu de abrir a sua casa para
os jovens pobres ou em busca de um sentido da vida. Todo dia as refeições são
realizadas por eles mesmos conforme um calendário predefinido. Depois do almoço
rezemos juntos a hora media e depois da janta partilhamos a leitura do
evangelho do dia sucessivo. Toda quinta feira ás 21,45 h realizamos um encontro
formativo sobre temáticas que possam ajudar na vida da comunidade. O encontro
termina a meia noite com a adoração eucarística e a benção final. Aqui em
seguida, o relatório do encontro de ontem a noite. Todo dia uma équipe prepara o almoço por 35 sem teto da cidade. Nesta época de COVID 19 estamos trancados em casa nos epsaços da paróquia.
[Presentes: Pe Mario, Elia, Ângelo, Bernard, Maurice, Emanuel,
Matteo, Hassan, Latif, Vincenzo, Ahmed, Pe Paolo].
Leitura do texto retirado de: GOPFER, Sandro. 40
dias com Dietrich Bonhoeffer. Um livro para meditação. Brescia: Queriniana,
2020.
É suficiente que as pessoas estejam juntas para
começar imediatamente a se estudar, a se julgar, a se classificar. Já pela raiz
começa assim na comunhão cristã uma tremenda luta até a morte, da qual muitas
vezes não percebemos, que muitas vezes permanece invisível (p. 131).
A busca pela autojustificação e pelo julgamento está
intimamente ligada, bem como a justificação pela graça e serviço (p. 132).
Bonhoeffer sabia que o julgamento funciona
destrutivamente. Na comunidade, deve haver a regra de que, na ausência do
irmão, não é permitido falar sobre ele (p. 133).
Como cristão, vivo pelo fato de ser justificado por
Deus, por uma graça maior, e não preciso me fazer justo. Portanto, em vez de
emitir sentenças a outros, sou livre para servi-los (p. 134).
Deus, o criador, criou os homens à sua imagem. É por
isso que consigo entender a diversidade dos outros como um enriquecimento (p.
134).
Intervenções - partilha
Elia: no momento em que consigo ouvir outras pessoas sem preconceitos, eu as
recebo como enriquecimento. Mesmo se somos diferentes, cada um de nós tem algo
precioso para dar aos outros. O julgamento é ter uma opinião pessoal enquanto o
preconceito deriva da falta de conhecimento (narrativa biográfica).
Vincenzo: hoje experimento o julgamento como um tópico
estranho. Até recentemente, o problema era entender os momentos em que me senti
julgado (narrativa biográfica). O julgamento diz de uma idéia que deve chegar a
um ponto. Precisa encontrar um equilíbrio. "Não fales mal na comunidade de
um na sua ausência": fiquei impressionado com esta frase que lemos.
Bernard. Neste inverno, eu realmente fiz uma revisão dos
julgamentos. Farei um trabalho - o professor - em contato com as pessoas. Um
erro que terei de evitar é julgar as crianças a priori sem conhecê-las bem. É
difícil não julgar. Precisamos ter cuidado, porque muitas vezes não percebemos
e somos pesados em julgamentos. Uma frase que li diz: "o julgamento diz
muito sobre você, mas menos que o outro". Eu gostei (Narrativa
biográfica). Estou seguindo um caminho para reconhecer o julgamento, para
reconhecer quando estou errado em corrigir a situação. Às vezes, criamos
rapidamente mecanismos de associação sem pensar bem na verdade das coisas. É
difícil não mencionar aqueles que estão ausentes na comunidade. É difícil ser
honesto, porque há um medo de que o outro o leve a mal.
Emanuel: o tema do julgamento é um tema bastardo porque me
machuca. Alguém disse que o medo do julgamento dos outros é uma forma de prisão
que não permite que você seja você mesmo. É difícil administrar o julgamento.
(Narrativa biográfica).
Ângelo: Pensei nas experiências que tive com relação ao
julgamento. Ocorreu-me que sou muito confrontado com o contexto da minha
família (narrativa biográfica). Penso que, para não julgar os outros, é
necessário se aceitar. Você precisa aprender a se analisar e, em seguida, ser
capaz de se aceitar como é. Você também deve aprender a sair do julgamento
negativo sobre si mesmo.
Pe Mario: o Papa Francisco falava frequentemente da
negatividade do julgamento sobre os outros. Falar mal dos outros é uma arma que
mata ou são algemas que o aprisionam. Jesus nos ensina que é o que sai do
coração que dói. Quando o julgamento é rápido por parte de outras pessoas,
acuso-o, sinto-o. No amor, não podemos nos apressar a julgar, porque o amor nos
empurra para o bem e para ver o bem que o outro tem. A vida comunitária é o
lugar da correção fraterna. Esse limite de julgamento existe em todas as
comunidades. Ratzinger disse que o pecado está dentro da Igreja. Na vida de um
casal, é essencial aprender a suspender o julgamento. Um garoto que passou pela
casa disse que veio aqui para se preparar para o casamento.
Matteo: morar em casa ajuda muito para não julgar o
conhecimento do outro. Só me colocando no lugar dos outros mais do que julgá-lo
é que justifico. É necessário aprender a reconhecer a diversidade do outro.
Esse processo é mais difícil no local de trabalho, porque existe um desejo de
emergir. Quando você está em um grupo e o julgamento nasce, é preciso coragem
para sair do refrão e você é julgado (narração biográfica).
Maurice: é difícil não entrar em lógicas negativas para com os
outros. Para sair disso, você precisa estar em uma grande paz interior dentro
de nós. É preciso muito amor. É como Jesus diz no episódio em que as pessoas
trazem para ele uma mulher encontrada em adultério para condená-la à morte. Há
momentos em que uma pessoa está dentro de espirais negativas que se tornam
difíceis de entender a outra em uma perspectiva de amor. Receber amor ajuda a
ter uma aparência diferente (narração biográfica). Às vezes, outros são
julgados negativamente por se elevarem. São lógicas nas quais todos caímos.
Quando isso acontece, significa possuir baixa auto-estima. Começando a se amar,
não há mais necessidade de se auto-exaltar e abaixar os outros. É a lógica de
amar o seu próximo como a si mesmo. O julgamento negativo não leva a lugar
algum. Quem tem raiva por dentro geralmente é a pessoa que dá sentenças. Você
está com raiva e depois julga mal todo mundo. É por isso que é certo parar de
falar em comunidade quando alguém está ausente.
Muito legal tudo isso! Isso é um grande crescimento de conhecimento para todos que aí vivem. Parabéns!!!
ResponderExcluirFabuloso Pe. Dr. Cugini... O profetismo e o futuro do cristianismo se dará na ascepção de que, independente de cor, língua, sexo, religião... Somos todos amigos, iguais! Sobretudo, nestes tempos de COVID 19!!!
ResponderExcluirAssim, como nos fala e escreve o bispo Anglicano Desmund Tutu:. Deus não é cristão! Unbutu...
Prof. Esp. Tobias
Deus seja sempre louvado!
ResponderExcluirÉ extremamente dificil aos olhos humanos enxergar santidade nas pessoas e em seu multiverso religioso. Só quem experimentou o verdadeiro Misericordioso na sua vida, pode interpelar situações em tempos dificeis como o que vivenciamos.
Os caminhos que levam a Deus podem ser opacos e com diferentes caminhantes.
Vejo nesse projeto, a sua vinda a Miguel Calmon em 2000, destruindo barreiras, arrancando as amarras e abrindo portas para o encontro com o misericordioso.
Sinto a falta desses desafios aqui, mas sei que quando me curvo diante do Misericordioso, Ele sempre provém e sempre proverá o Amor, qualquer que seja seu povo.
Deus é por nósnós. Forte abraço!
Romilson
Parabéns Pe.Paolo..que projeto abençoado. Que Jesus continue iluminando todos.Que aprendizado esses depoimentos. Dai tiramos lições de vida.Percebo que são jovens engajados no amor de Cristo.O amor em Cristo nos torna leve...sensato....que todos vocês continue firme nessa fé.Pe.Paolo é um ser diferenciado..abençoado...iluminado...conviver com ele só nos enriquce.Saudades de ter participado dos seus trabalhos em Miguel Calmon. Um abraço em Cristo.
ResponderExcluirQue maravilha!
ResponderExcluirLouvado seja Deus por iniciativas como essa. Deve ser mesmo uma experiência maravilhosa para para está aí servindo. Deus abençoe a todos!
Força na missão!
Parabéns querido e saudoso Padre Paolo.
ResponderExcluirComo sempre digo(mesmo vc não querendo), é preciso se vestir de humildade, fé, caridade e sobretudo de muito AMOR ao próximo, pra viver e fazer o que vc faz!!!
Peço ao Altíssimo que a sua saúde seja preservada e que possa continuar fazendo a DIFERENÇA na vida de todos os que precisam de ti e te rodeiam.🤝😍😘
"Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar." Tiago1,19.
ResponderExcluirEsse é um um bom conselho para não julgar os outros antecipadamente e nem ser julgado. Padre Paolo, parabéns pelo excelente trabalho,ajudando esses jovens a viver melhor em sociedade. Que o Senhor Jesus continue abençoando sua caminhada. Abraços
Que experiência enriquecedora dotada de muita humildade e amor ao próximo!
ResponderExcluirPe. Paolo, o senhor sempre me ensina sobre humildade e amor! Deus abençoe a todos!