Paolo Cugini
Que o objetivo da Pastoral da Juventude seja anunciar
o Evangelho aos jovens, acho que ninguém possa questionar. O problema é no
método, ou seja, como é que se evangeliza a juventude hoje. Esta pergunta
revela que não podemos anunciar o evangelho a todos os jovens que encontramos
do mesmo jeito. Com os jovens que vivem na zona rural, por exemplo, precisa de
um trabalho diferente daquele que se faz
com os que vivem na cidade.
O evangelho exige ser encarnado, inculturado, ou seja,
deve ter o mesmo cheiro, o mesmo sabor
do povo que se pretende evangelizar. Em todas as paróquias da nossa Diocese de
Ruy Barbosa encontram-se jovens nos bairros, nas escolas, no campo, jovens de
classe média e jovens de classe pobre (a maioria); jovens brancos, pretos,
pardos, índios, ciganos. É antievangélico apresentar o mesmo estilo, o mesmo
jeito, a mesma proposta a toda esta realidade diversificada de jovens. A
maneira de anunciar o evangelho deve ser inventada dia-a-dia com os jovens que
participam daquele grupo, naquele lugar específico.
O coordenador de um grupo jovem é craque quando sabe
fazer isto. É claro que para ter esta capacidade criativa, deve ter dentro de
si o desejo de anunciar Jesus aos jovens e, por fazer isto deve ter encontrado
Cristo na própria vida. Jesus Cristo, de fato, aconselhava, orientava os seus
discípulos e, sobretudo, ajudava a enxergar a realidade com olhos diferentes.
Jesus comunicava aos discípulos a própria experiência pessoal de Deus.
É nessa altura
que convido os coordenadores dos próprios jovens a participarem da
proposta formativa da paróquia feita de encontros, retiros, estudos bíblicos e,
sobretudo a Santa Missa de domingo.
Quem não fixa os olhos em Cristo, quem não ama a
Cristo, ao em vez de levar os jovens a Ele, os leva por outros caminhos. Se não
tivermos em nós um coração cheio de amor de Cristo iremos explorar os próprios
jovens para satisfazer as nossas misérias humanas. E assim o grupo ao em vez de
ficar aberto aos outros jovens e inventar eventos para chamar e atrair outros
jovens no grupo, este mesmo se transforma numa panelinha de poucos amiguinhos e
bem fechadinhos. Que tristeza!
Segundo elemento importante na caminhada de
evangelização da juventude é a comunidade. Não existe possibilidade nenhuma de
ser grupo jovem e não ser pessoas bem engajadas na comunidade, na Igreja. De
fato, se o objetivo da pastoral da juventude é, como vimos, anunciar Jesus,
então Cristo encontra-se presente no seu corpo que é a Igreja.
Nos grupos jovens enfrentam-se os problemas da
realidade corriqueira tentando
resolvê-los a luz da fé, do evangelho, na vivência da comunidade. Isto
quer dizer que a vida da comunidade torna-se o ambiente vital do grupo jovem,
pois é na comunidade que encontra o clima espiritual e existencial para
crescer. Quanto mais a comunidade é organizada e ativa tanto mais se torna
ponto referencial para os jovens. Em Miguel Calmon, (isto acontece em várias
comunidades) os grupos jovens mais fortes e ativos encontram-se nas comunidades
mais organizadas, vivas e ativas.