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Paolo Cugini
As eleições municipais terminaram;
graças a Deus! Ninguém estava mais
agüentando a confusão, os carros de som, as músicas (de péssimas qualidade) dos
candidatos. Nas próximas eleições iremos exigir mais atenção contra a poluição
sonora. Foi muita falta de respeito, muita falta de educação cívica. Os
cidadãos têm direito para serem respeitados, também no período eleitoral.
Nesse contexto o Movimento Fé e Política fez a própria parte.
Desde o começo, o movimento apontou a direção da própria ação; conscientizar o
povo sobre os direitos e deveres dos eleitores, sobre a importância do voto
para o bom desenvolvimento da democracia, explicando, aonde foi possível, as exigências da lei
9.840, contra a corrupção eleitoral. No primeiro programa que o Movimento Fé e
Política realizou pela Rádio Comunitária Canabrava FM, foi salientado que a
mudança de mentalidade do eleitor e do candidato era uma conquista civil impossível para ser alcançada no breve
período. Foi com esta consciência, que entramos na campanha política de uma
forma alegre e tranqüila. Realizamos vários eventos de conscientização,
utilizando métodos diferentes, avaliando semanalmente o nosso trabalho. Foi uma
semente que queremos, de agora em diante, cultivar para que a consciência
democrática de nossa cidade, possa crescer sempre mais.
Na homilia do último dia do ano passado alertei os católicos sobre
as eleições políticas deste ano, dizendo que teriam sido uma avaliação da nossa
maturidade espiritual. Interiorizar a Palavra de Deus é viver esta Palavra na
vida do dia-a-dia. A Palavra de Jesus é uma Palavra profética de denúncia
contra as injustiças sociais, contra as hipocrisias. Além disso, é uma Palavra
de amor, de conversão, de perdão. Um cristão que participa da mesa eucarística
do domingo, não pode considerar o irmão, que participa da mesma mesa, um
inimigo, pelo simples fato que vota num candidato diferente. Infelizmente isso
aconteceu. Várias pessoas começaram tratar o irmão de forma diferente, como um
inimigo, pelo simples fato de que votava num outro candidato. Interiorizar a
Palavra de Deus e o seu Espírito leva as pessoas ao respeito da liberdade do
voto. É Jesus mesmo que fala: “Entre nós não deve ser assim: mas quem quiser
ser o primeiro seja o último”.
O respeito da liberdade do outro, do pensamento do outro, da
possibilidade do outro agir e pensar de uma forma diferente da minha, não é
apenas uma conquista de vida espiritual, mas também é uma atitude democrática.
A existência de uma oposição na cidade é uma bênção pelo andamento democrático.
É absurdo querer que todo mundo pense do mesmo jeito. É absurdo,
antidemocrático e desumano. O espírito democrático fortalece na pluralidade de
opiniões, na comunhão da diversidade e não na uniformidade.
Somente cultivando esta diversidade, este espaço democrático da
pluralidade de opiniões, poderemos evitar o risco do totalitarismo. De fato, na
história os regimes totalitários- fascismo, nazismo, comunismo- se mantiveram ao
poder com o controle das massas. O pensamento único não existe, a não ser na
cabeça de alguém, que quer viver em paz e, para isso, obriga todos a pensarem como ele.
Os grandes derrotados destas
eleições foram os pobres. Esquecidos nestes anos, foram visitados de uma forma maciça nestes últimos
três meses.“Ali vem o outro”. Parecia brincadeira, a procissão corriqueira dos
candidatos caçando votos. Porque os candidatos não foram da mesma forma
insistentes nas casas dos comerciantes, dos professores, dos moradores das
ruas do centro?
Mais uma vez o pobre foi considerado como simples mercadoria,
possível a ser comprado, também a preço baixo. O pobre sabe que não tem voz nem
vez: deve aceitar tudo. Forçado a escutar projetos mirabolantes até com
palavras dificílimas (“Padre, quer dizer esta palavra, que o fulano de tal usou
para dizer o que vai fazer?”), o pobre abre a porta pra todo mundo. O pobre é
assim considerado como prostituta, que abre a porta de casa a todos aqueles que
oferecerem dinheiro. Para considerar os pobres como filhos e filhas de Deus,
com uma dignidade, Miguel Calmon, deve amadurecer muito. Ao meu ver o futuro de
Miguel Calmon não está na frente, mas atrás.
Explico-me. Pessoalmente acredito muito no trabalho de base que está
sendo desenvolvido nas comunidades de base, seja na zona rural que na sede.
Se tivermos a paciência de regar cada dia a semente que está sendo plantada, sem dúvidas
colheremos frutos. Os homens novos que Miguel Calmon precisa, ainda não
chegaram, ainda não são formados. Mas chegarão. Os homens novos que Miguel
Calmon precisa são aqueles que falam de Deus, agem e pensam como Ele. Nos
comícios que assisti, vários candidatos falavam de Deus e de Maria e depois
lançavam palavras de ódio contra os adversários. É esta a hipocrisia que deve
ser tirada do meio. Isso é possível. Através de um caminho de conversão, de
mudança de atitude, mudança que somente o Espírito do Senhor pode realizar. Por
isto digo que o futuro de Miguel Calmon está por trás. Está naqueles
adolescentes e jovens apaixonados pelo Senhor, que estão dedicando horas de
joelho por Ele, meditando a sua Palavra.
O homem novo não nasce de um dia para o outro. É um longo caminho,
silencioso, escondido. Até que um dia...
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