segunda-feira, 23 de maio de 2022

Porque fazer a vigília? Vigílias de oração pelas vítimas da homotransfobia

 



Paolo Cugini

 

Todos os anos, em meados de maio, grupos de cristãos LGBT+ na Itália e na Europa organizam vigílias de oração pelas vítimas da homotransfobia. Estas vigílias, de cunho ecumênico, são organizadas a partir de um versículo escolhido online através do Projeto Gionata, portal nacional de fé e homossexualidade ativo desde 2007. O versículo escolhido para as vigílias deste ano é um trecho de Paulo: "Onde o espírito do Senhor, há liberdade" (2Cor 3,17). De acordo com o relatório homophobia.org, de 2013 até hoje na Itália houve 1.384 vítimas de homofobia, das quais 147 só este ano. "O número de vítimas de violência física - comenta o site - anteriormente inferior ao de vítimas de episódios não agressivos, representa 56%". Estamos, portanto, diante de um fenômeno que não pode ser silenciado ou banalizado.

Estas vigílias de oração têm como principal objetivo quebrar o muro do silêncio, que se encontra não só na sociedade, mas também na Igreja sobre esta questão. Ao mesmo tempo, é uma ferramenta para ajudar a comunidade cristã a caminhar na realização de relações autênticas, acolhendo cada homem e mulher. A questão da homossexualidade é, sem dúvida, uma questão delicada, que não pode ser banalizada, muito menos tratada de forma superficial. São muitas as comunidades cristãs que nos últimos anos abriram as suas portas a grupos de cristãos LGBT+, sinal de que o trabalho de sensibilização e formação foi feito e está a dar frutos. Aqueles que negam a homofobia muitas vezes vêm de caminhos existenciais e até espirituais nos quais o problema não foi abordado ou foi lido à luz de preconceitos enraizados em nossa cultura patriarcal, difíceis de riscar, se não através de um sério processo de estudo.

Quem assiste acredita que a oração tem grande força para desarticular os obstáculos que a razão cria e que o preconceito fortalece. É na oração que as comunidades cristãs experimentam a presença da luz do Ressuscitado que atravessa qualquer parede, penetra qualquer resistência, transforma tudo. Participar destas vigílias significa iniciar um caminho de conversão, disposto a deixar-se moldar pelo amor do Senhor, que nos ajuda a ver irmãos e irmãs onde a ignorância nos mostra inimigos. No verso do folheto preparado para as vigílias deste ano, são indicados alguns motivos para estes momentos particulares de oração: “para quem pede direitos, para quem quer ser ele mesmo, para quem quer justiça e um lugar no mundo. Estamos atentos às vítimas da homotransfobia e ao fim da homotransfobia. Venha assistir conosco” (Alessandro Previti).