[Arquivo Miguel Calmon 2004]
Paolo Cugini
Quem nasceu pobre, em um contexto
pobre acha que a realidade é isto mesmo. Quem nasceu escravo nunca viu passar
na cabeça dele de querer ser o patrão. Mesma coisa vale para o rico: ele pode
até chegar a ter pena do pobre, más não vai querer trocar de jeito nenhum o seu
lugar. O mundo é assim, cada um no seu cantinho.
É interessante observar como cada um deste dois mundos se organiza.
O pobre vive o seu dia a dia se virando de qualquer jeito, tecendo uma rede de
amigos e parentes que podem socorre-lo no momento de extrema necessidade. O
pobre procura no rico um protetor, alguém que passa ajuda-lo de vez em quando.
Os pobres sabem que, para eles, é impossível alcançar o patamar dos ricos. Por
isto, vive tranquilo, se organizando e procurando sobreviver num nível baixo de
vida. Aprender a viver com pouco e de pouco, ficar alegres e agradecer a Deus
do pouco que consegue, ficar satisfeito de tudo aquilo que Deus cotidianamente
doa: é esta a grande riqueza do pobre!
Pensar que uma família pobre cheia
de filhos possa viver com o dinheiro que passa o governo, é loucura pura. Se o
pobre não reclama, mas pelo contrário agradece a Deus pelo pouco que recebe, é
porque aprendeu a arte da sobrevivência. Aprendeu a dormir no chão, a se curar
de doenças com chá de ervas do mato, pois os remédios são caríssimos. Aprendeu
a aceitar o frio nos meses de inverno e a fome nos dias onde não tem nada pra
comer. O pobre aprendeu que, se ele não tem nada para cuidar da sua vida, da
sua família não é porque Deus é injusto, mas porque o homem é mau.
É por isso que a paroquia deve
seguir sempre mais de perto o caminho de Jesus, incentivando uma vida de
partilha. A Igreja é aberta para ricos e pobres e, os ricos, escutando o
evangelho, deveriam aprender a partilhar, pensando projetos sociais que visam
ajudar os pobres, a aprender deles a viver com pouco.
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