Palestrante:
Prof. Dr. Giuseppe Maiello (Universidade de Praga)Moderadora e Tradutora:
Profa. Dra. Marcia Enéas Costa (UFPB)Síntese: Paolo Cugini
Desde 1054, formam-se dois
polos: Oriente e Ocidente. Existe uma fronteira cultural que ao longo dos
séculos gerou guerras. Hoje, essa fronteira voltou a ser uma espécie de
“cortina de ferro”.
O mundo eslavo é marcado por
guerras e divisões: sempre foi assim? As línguas eslavas são próximas entre si.
Se houver concentração, é possível comunicar-se com os povos eslavos. A
distância linguística entre as línguas eslavas leva à consideração de que, em
tempos passados, todos esses povos possuíam uma única cultura. Esses povos não
deixaram vestígios antropológicos; chamamo-los de eslavos. Temos poucas fontes
históricas. Os eslavos não utilizavam a escrita, tal como os povos indígenas
que se valem da oralidade. Para reconstruir as fontes religiosas dos eslavos,
baseamo-nos nas fontes dos prelados cristãos ou nos relatos de viajantes
muçulmanos que visitavam esses lugares para comprar escravos. A palavra
“eslavo” é muito semelhante à palavra “escravo”.
A partir do final do
Iluminismo, observa-se um grande interesse pelas culturas eslavas. Os
etnógrafos desempenharam um papel importante, especialmente em temas ligados
aos costumes sexuais. Os cristãos assimilaram elementos culturais dos eslavos,
modificando-os e cristianizando-os. No século XX, surgem os primeiros
resultados das pesquisas antropológicas sobre a cultura eslava. O paganismo
eslavo foi interpretado pelas leis. Identifica-se o modelo linguístico eslavo
com a existência de um povo indo-europeu chamado ariano. Os indo-europeus, os
arianos, foram considerados a melhor raça. Em particular, na Alemanha,
acreditava-se que os arianos eram loiros e de pele clara, tese impossível de
ser comprovada. A Alemanha nazista gastou enormes quantias para “melhorar” a
raça ariana. A simbologia nazista utiliza materiais provenientes do período
ancestral dos povos eslavos.
Paganismo eslavo
contemporâneo. A Rússia é o maior país eslavo. Atualmente, existem 193 minorias
étnicas na Rússia. Muitas dessas minorias conseguiram preservar suas culturas,
também porque a Rússia permitiu este processo de conservação. A Rússia é um terreno
fértil para o renascimento do paganismo, mesmo que esse renascimento tenha
raízes em movimentos filosóficos ocidentais. Isso é visível em alguns poetas
russos. Pintores e músicos também são testemunhas do paganismo russo. O
paganismo eslavo russo contemporâneo possui muitos elementos de pacifismo. Em
alguns grupos pagãos, sobretudo polacos, nota-se certa simpatia por símbolos
nazistas que estão presentes no paganismo eslavo ancestral. Entre os eslavos
orientais, houve uma fratura no mundo neopagão.
Os grupos pagãos
contemporâneos discordam dos seus próprios modelos. O nacionalismo tornou-se
tão radical que provocou tensões entre os grupos. No paganismo eslavo
contemporâneo oriental, há uma tendência à politização em relação aos povos
eslavos ocidentais. Existe também a sensibilidade em relação à Terra como
sagrada. Os valores religiosos são mais fortes nas faixas etárias mais
avançadas da população.
O paganismo eslavo
contemporâneo é um fenômeno marginal na sociedade. Religião vivida no paganismo
eslavo contemporâneo: existem rituais que seguem o calendário solar, realizados
de quatro a cinco vezes por ano. As celebrações populares são mais frequentes.
São as comunidades agrárias que enfatizam a mitologia solar. As danças que
seguem o movimento da lua remetem a sociedades ainda mais arcaicas.
Perguntas
Nos rituais pascais, há
contaminações com referência a mitos pré-cristãos. A igreja, apesar de
existirem jogos sexuais que podem incomodar, tolera-os. Há muitas
contaminações. O nazismo apropriou-se de símbolos pré-cristãos, mas uma parte
não queria confrontar o cristianismo. Buscavam a supremacia da
raça.
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