sábado, 22 de junho de 2024

Conscientizando os pobres

 



 

 

Paulo Cugini

 

Sensibilizar os pobres significa mostrar-lhes, antes de tudo, que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e que um aspecto essencial desta igualdade divina é a igualdade social. Se o mundo está dividido entre ricos e pobres, isso não se deve à vontade de Deus, mas ao egoísmo humano. Isto significa que os excluídos devem tomar consciência do plano inicial de Deus para colaborar na sua reconstrução. Nesta perspectiva, quanto maior for a capacidade da comunidade evangélica de viver em harmonia, de quebrar as barreiras e divisões das condições sociais e dos grupos étnicos, mais as pessoas serão capazes de assimilar a ideia de igualdade.

 Da assimilação do valor da igualdade, o processo de conscientização passa para a ideia de cidadania. Se somos iguais perante Deus, então não há ninguém autorizado a humilhar os outros, a colocar-se numa atitude de superioridade. Isto também se aplica às pessoas eleitas para governar a cidade: é um serviço e não uma forma de autoafirmação pessoal. Conscientizar os excluídos significa acompanhá-los lentamente para serem participantes e protagonistas nas cidades. É um processo muito lento e constantemente fadado ao fracasso devido à distinção do sentimento de igualdade aberto por gerações de políticos corruptos e sem escrúpulos. Mas a jornada é necessária para não continuarmos gerando bolsões de humanidade passiva e morta. São os excluídos que devem aprender a encontrar respostas para escapar da exclusão. Ao mesmo tempo, enquanto se conscientizam os excluídos, é preciso conscientizar as classes dominantes, pelo menos as pessoas mais sensíveis, mais humanas, mais conscientes da igualdade do gênero humano, para que formulem leis justas e respeitem para a dignidade humana.

Os pobres, os excluídos não participam no desenvolvimento da cidade, no caminho democrático porque estão habituados a considerar-se inferiores, habituados a permanecer calados, habituados a pensar que a sua opinião não vale nada. Portanto, é inútil afirmar, como fazem alguns políticos, que “ninguém participa...”, quando tudo foi feito para deixar claro que quem decide tudo é apenas um grupo de poucas pessoas. Uma nova mentalidade deve ser gerada.

(do diário de 2005).

 

sábado, 15 de junho de 2024

As CEBs e o Projeto Político Popular dos anos '70-'80

 




Paolo Cugini

Durante o VI encontro Inter eclesiástico realizado em Trindade, no estado de Goiânia, tomou corpo uma ideia que já vinha sendo acalentada há algum tempo pelos agentes de pastoral das CEBs, a saber, o Projeto Político Popular. Este projeto surge lentamente na trajetória das CEBs na consciência da responsabilidade da construção de uma nova sociedade, que deve surgir a partir das ruínas causadas pela ditadura militar, que encerrará sua experiência em 1985. Há a consciência de que a sociedade ser nova na medida em que consegue aliviar o sofrimento dos pobres, oferecendo-lhes os meios para viver com dignidade.

Quem mais do que ninguém ajudou a formalizar esse projeto básico foi o teólogo e escritor Frei Betto. O Dominicano fez muitas contribuições sobre o delicado tema da relação entre comunidades de base e compromisso político. Em um artigo de 1986, ele argumentou que:

A consciência evangélica das CEBs não aceita a sociedade atual com tantos sinais de morte. Por isso a palavra “Libertação” surge como súplica constante em cada oração, canto ou comentário. Entre os militantes não é possível apreender o significado político do termo a partir das CEBs. A libertação é um passo necessário e decisivo para conhecer ou conquistar outra qualidade de vida.

 Após a queda da ditadura militar, há nas CEBs um sopro de ar novo, a consciência da grande contribuição dada ao país para que a mudança política fosse implementada, mas sobretudo a consciência do necessário compromisso que os militantes da as CEBs são chamadas a se oferecer para construir a nova empresa brasileira. Nos círculos bíblicos fala-se de utopia, de terra prometida e a nova situação política criada torna-se um instrumento hermenêutico de interpretação dos textos.

A nova sociedade é a grande utopia subjacente, a versão atual da terra prometida, onde fluirá leite e mel e onde não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor (Ap 21.4). Na consciência popular esta utopia situa-se deste lado da análise política que permite decifrá-la com um mínimo de rigor e precisão; na realidade, indica outro lugar.

Nas reflexões bíblicas realizadas nos círculos bíblicos do período em questão, cada vez mais se consolida uma identificação, nomeadamente a relação entre a libertação e o Reino de Deus. De facto, se é verdade que o Reino de Deus ainda não está entre nós. de forma definitiva, pode ser construída com a prática popular. O Projeto Político Popular, afirma Frei Betto, assim como o Reino de Deus está sendo construído na dupla dimensão de conscientização e organização.

A conscientização nas CEBs passa por cursos de capacitação, clubes bíblicos, programas de rádio, reuniões sindicais, subsídios para trabalhos em grupo e muitas outras atividades. Na realidade, mais do que momentos teóricos, o que molda as consciências dos militantes das CEBs é toda a prática social constituída pela participação nas lutas dos conflitos populares, o que impõe também a necessidade de um maior nível de organização. A participação no sindicato também é considerada um importante fator de sensibilização na trajetória das CEBs para a construção do Projeto Político Popular. Como afirma Frei Betto no artigo citado: «Os militantes das CEBs adquirem consciência crítica dos problemas nacionais e das próprias condições de trabalho quando participam de algum grupo de oposição sindical».

A participação nos movimentos sindicais é muito mais significativa e importante no campo, onde os agricultores sofrem muito com as perseguições e injustiças cometidas diariamente pelos grandes proprietários. Fora de casa, o Movimento dos Sem Terra, que surgiu na década de 1970 graças também ao impulso da Pastoral da Terra, é um dos movimentos sociais que ainda hoje está presente no Brasil. Além disso, é importante destacar que no segundo congresso nacional da CUT (Sindicato dos Trabalhadores - Central Única dos Trabalhadores), realizado no Rio de Janeiro, predominaram delegações das áreas rurais do Brasil.

Durante o encontro intereclesial realizado em Trindade, emergiu o fato significativo da consciência dos militantes das CEBs de que na realidade o Projeto Político Popular já está em andamento: basta organizá-lo melhor.

Grupos de trabalho coletivo, demandas organizadas, sindicatos autênticos, oposições sindicais, cooperativas, movimentos de mulheres, organização negra, comitês pró-constituinte, administrações populares, apoio a candidatos populares, luta pela terra, hortas comunitárias, movimentos pró-favela, bibliotecas populares, movimentos organizacionais em defesa da vida, da saúde comunitária: todas essas realidades já existentes indicam que o Projeto Político Popular já está em andamento.

O processo de construção deste projeto político conduz, segundo Frei Betto, a uma sociedade onde o poder político será exercido pelo povo ao serviço do povo e os meios de produção serão socializados. A leitura marxista da realidade sociopolítica utilizada naquela época tanto pelos teólogos da libertação quanto pelos militantes das CEBs é bem destacada nesta passagem. O Projeto Político Popular se concretiza através da confiança que os pobres depositam no seu irmão pobre, na medida em que nas pequenas lutas são derrotados limites como o medo, a violência e a desigualdade.

No universo social do Brasil predominam cinco esferas da sociedade que merecem nossa atenção: as da pastoral, as dos movimentos populares, as dos movimentos populares específicos (negros, mulheres, índios, etc.), as do sindicato movimentos e os dos partidos. Será através desses setores, afirma Frei Betto, relendo os dados que emergiram do encontro Inter eclesiástico de 1986, que se construirá o Projeto Político Popular. Há uma clara consciência de que os militantes das CEBs serão tanto mais igreja quanto mais estiverem presentes na dinâmica do Reino de Deus já presente na terra na proximidade dos pobres e despossuídos.

Todos os cinco setores são igualmente importantes, mas para a construção do Projeto Político Popular é a militância do partido político que, segundo Frei Betto, tem vantagem sobre os demais setores. Após a queda da ditadura militar em 1985, período em que as CEBs atingiram a plena maturidade social e eclesial, houve a consciência da necessidade e da possibilidade de terem um impacto mais significativo. «É fato indiscutível que as CEBs – afirma Frei Betto – constituem hoje um movimento profundamente político no Brasil. Os militantes são formados através das comunidades e os movimentos populares são fortalecidos”.

O compromisso social e político dos cristãos formados pela trajetória das CEBs, especialmente naqueles militantes que assumiram posições de liderança, produziu uma consciência civil que exige ser investida no bem do país, que naquele período era chamado a um ponto de inflexão. Como traduzir todo este potencial em ações para a transformação da Nação?

É justamente o problema mencionado no final do parágrafo anterior que será central no desenvolvimento da trajetória das CEBs. Segundo a maioria dos teóricos das CEBs, a estrutura deste modelo eclesial particular é composta pela integração da fé e da vida, da escuta atenta da realidade, iluminada pela Palavra celebrada nas pequenas comunidades, para um caminho que conduz à transformação da sociedade. precisamente neste ponto que divergem as posições, ou seja, sobre os métodos a seguir para a transformação da sociedade. Na verdade, embora alguns defendam que a trajetória das CEBs não pode ser identificada com um partido político específico e que a transformação da sociedade deve se dar no trabalho constante de conscientização das bases e do compromisso com os movimentos sociais e a pastoral, segundo outros, a verdade da transformação que as CEBs são chamadas a trazer ao tecido social brasileiro deve se manifestar no compromisso partidário que, no caso do Brasil, será o Partido dos Trabalhadores (PT).

A este respeito, Comblin afirma que:

As CEBs nunca conseguirão concretizar o seu projeto se caírem no sectarismo, no elitismo ou se se identificarem com determinados projetos sociais ou políticos. Se se identificarem com um sindicato ou com um partido político, nunca conseguirão unir todos os católicos pobres. Se definirem uma linguagem, usarem símbolos, partidários ou elitistas, nunca conseguirão atrair as massas.

 O tema em questão é muito delicado e tem sido objeto de intermináveis ​​debates no âmbito das próprias CEBs e das coordenações. Tratava-se de compreender como dar continuidade à possibilidade de transformação da sociedade brasileira, ao sonho almejado nos meios bíblicos e nutrido nos encontros inter-eclesiásticos de uma sociedade mais justa e solidária, atenta ao grito dos pobres. Quanto mais avançava o percurso, mais claro se tornava que era muito difícil levar a cabo esta transformação de outra forma que não fosse transformar o compromisso político em compromisso partidário.

Lendo a literatura sobre o tema, percebe-se como se tornou difícil manter a mente clara e desapegada diante de uma situação histórica que exigia respostas imediatas. Havia o risco de permanecer apenas no nível intelectual ou de descarrilar a grande esperança almejada, na utopia idealista. De qualquer forma, percebemos uma tendência subjacente de canalizar a força adquirida com a experiência das CEBs para um partido político que melhor representasse o Projeto Político Popular, estruturado ao longo de todos esses anos. O debate tornou-se particularmente acalorado entre 1981 e 1986. Nessas duas datas aconteceram os IV e VI Encontros Intereclesiais das CEBs: no meio houve 1985, ano do fim da ditadura militar. Em nossa opinião, este é o período crucial do debate político que ocorreu dentro das CEBs, um debate que marcará não apenas o caminho de uma experiência particular da Igreja, mas também de uma nação inteira. Na verdade, não devemos esquecer a grande capilaridade das CEBs da década de 1980 no Brasil, da sua presença não só em todos os estados e cidades do Brasil, mas sobretudo, nos principais movimentos sociais e sindicais.

 Se isto for verdade, não se deve esquecer outro fator importante, que não esteve muito presente nos debates de então, nomeadamente a consciência de que a escolha partidária nas CEBs não corresponderia às consequências da reflexão em curso. Os pobres, especialmente nas zonas rurais longe dos grandes centros, sabem que as suas vidas e as vidas dos seus familiares dependem dos poderosos. Se o Projeto Político Popular implementado na década de 1980 na trajetória das CEBs esperou muito para ser traduzido na prática, é devido ao distanciamento da base pobre dos ideais da classe média envolvida nos setores sociais. Não é por acaso que Lula conseguiu eleger-se presidente do Brasil apenas em 2002, após ser derrotado três vezes, treze anos após a primeira tentativa. Esta é a prova de quando afirmamos, ou seja, que para ser eleito politicamente entre os pobres não basta o contacto eclesial. Os pobres precisam sentir o poder daquele que pretende ser candidato. Vamos, então, para entender melhor a dinâmica do ocorrido.

 

 

O encontro intereclesial de 1981: primeiros indícios da delicada relação entre política e partidos nas CEBs

 

O problema já havia se manifestado durante o quarto encontro Inter eclesiástico das CEBs realizado em Itaici (São Paulo) em 1981 com o tema: Povos oprimidos se organizando para a libertação. Leonardo Boff, num artigo em que fez um balanço dos resultados da reunião, sustentou que: «Os membros das CEBs são livres de votar no partido que quiserem, mas a partir do nível de consciência desenvolvido nas comunidades, o os membros tendem a apoiar os partidos que realmente vêm do povo para defender os interesses e direitos dos trabalhadores."

 No mesmo ano, novamente na revista REB, apareceu um artigo de Luiz Gomez de Souza com o título inequívoco: A política partidária das CEBs. No artigo o autor mostrou como os jornalistas presentes na reunião de Itaici estavam convencidos de que durante o evento seria decidido em qual partido os membros das CEBs votariam nas eleições. Em 1981, Gomez de Souza notou a incapacidade dos partidos então presentes no Brasil em ouvir a voz das classes sociais, especialmente daqueles movimentos sociais que se expressavam com tanta tenacidade no Brasil da ditadura militar.

No quarto encontro Inter eclesiástico ficou clara a necessidade de construir um plano político, capaz de articular as lutas que os movimentos populares, em sua maioria oriundos das fileiras das CEBs, estavam promovendo, para não correr o risco de se dispersarem tanto. muita energia positiva. Por isso, pensou-se em incentivar a pedagogia popular, no estilo inaugurado por Paulo Freire, uma pedagogia que ajudasse os militantes a caminharem juntos, respeitando os diferentes ritmos de luta que surgiram em algumas situações emergentes, como a ocupação de terras ou a organização nas grandes favelas, que se estabeleceu nas periferias das grandes cidades brasileiras do Sul devido ao "gigantesco processo de migrações internas" daqueles anos. A pedagogia popular como ponto de encontro entre o ritmo dos agricultores pobres e o dos estudantes universitários que naqueles anos quentes se colocaram ao lado dos pobres, estudantes cheios de ideais e ansiosos por ver resultados.

No documento final do IV Encontro Inter eclesiástico, ao mesmo tempo que se especifica que “a política é a grande arma que temos para construir uma sociedade justa como Deus quer”, por outro lado, adverte contra que a política só seja capaz de explorar os pobres. Os membros das CEBs saíram da reunião de 1981 com a consciência de que:

 boa política é tudo o que fazemos para nos organizarmos na justiça e para criar novas relações entre pessoas e grupos. Uma boa ação política é quando nos reunimos para defender as nossas vidas contra mentirosos e exploradores, através de associações de bairro, sindicatos e outras formas de organização popular.

O parágrafo seguinte do mesmo documento esclarece a necessidade de tomar medidas concretas no sentido de aumentar a consciência política também através do compromisso com um partido. A este respeito, especificamos a necessidade de examinar cuidadosamente os programas dos partidos para descobrir quais são os seus verdadeiros interesses, para compreender que mudança na sociedade eles propõem. É significativo notar que, em 1981, a trajetória das CEBs não estava identificada com nenhum partido:

Pensamos também que a comunidade eclesial de base não é nem pode ser um núcleo partidário, mas é o lugar onde devemos viver, aprofundar e celebrar a nossa fé, onde devemos comparar a nossa vida e a nossa prática à luz da Palavra de Deus, para ver se a nossa acção política está de acordo com o plano de Deus.

O encontro Inter eclesiástico de 1986: a escolha partidária das CEBs

A atitude será muito diferente em 1986, ou seja, no período imediatamente posterior ao fim da ditadura, período que exigiu tomadas de posição imediatas em relação às novidades que se abriam diante dos olhos da nação brasileira. Tratava-se de orientar um caminho de fé que desde o início fez da relação intrínseca entre fé e política o ponto forte e específico deste caminho eclesial. Em alguns artigos do período que analisamos, Frei Betto discorda daqueles que estão na trajetória das CEBs e que não conseguem compreender a urgência do momento e dar o próximo passo em direção à organização partidária. Segundo Betto, que expressa a opinião daquele ramo da teologia da libertação que pressiona para que se dê uma forma partidária ao processo político iniciado nas CEBs, há muita improvisação e sobretudo um grande desconhecimento sobre o significado profundo da o compromisso político dos cristãos. «O espontaneísmo é a tendência de assumir que a ação política pode ser improvisada, sem vínculos com outras forças sociais e políticas e sem uma visão estratégica que venha da análise da realidade, que permita que a luta seja travada de forma mais ampla».

É fruto de uma mentalidade espontânea, afirma Frei Betto, de ocupar terras, como aconteceu na década de 1980 através do Movimento dos Sem Terra, sem se preocupar com a violência que a polícia exerceu sobre os ocupantes. Outro grande sintoma de ignorância política entre os integrantes das CEBs é o chamado “basismo”.

 «A posição que considera todo político profissional, investido de um mandato, como um inimigo potencial é Basista. No nível eclesial, o homem da base faz um corte estrutural entre as CEBs e o Vaticano, como se não tivesse relação entre os dois”.

A última posição que Frei Betto crítica é a daqueles que se acham progressistas pelo impulso messiânico que os anima, insistindo em querer fazer coincidir o tempo pessoal do militante com o tempo histórico da revolução. Cada vez que nas CEBs uma posição política é julgada correta sem aceitar qualquer tipo de crítica, atribuindo os fracassos à falta de consciência do povo, estamos diante desse estilo “progressista”.

Esses grosseiros erros de perspectiva só podem ser superados através de um trabalho sério de formação política, para evitar o risco de transformar a religiosidade das CEBs numa espécie de ideologia pastoral, como se a motivação da fé fosse um mero suporte para lutas sociais ou legitimação divina de certas bandeiras políticas. Não se trata, então, segundo Frei Betto, de construir um novo cristianismo, indicando a formação de um partido cristão, mas de orientar o Projeto Político Popular para aquele partido que mais se identifica com o Caminho das CEBs.

 Frei Betto é contra a ideia apresentada por alguns líderes das CEBs – entre eles Clodovis Boff – que naqueles anos pressionavam pela criação de um partido especificamente cristão, como havia acontecido em outros países. A oposição de Betto se deve à especificidade da trajetória das CEBs que sempre quis ser, desde suas origens, não um espaço fechado para poucos seletos, mas aberto a todos aqueles que se reconhecem no projeto de um país mais justo e solidário. mundo. Pois bem, entre estes não podemos excluir tanto irmãos e irmãs de outras religiões, como também pessoas abertamente ateias ansiosas por participar na realização deste sonho comum. Segundo Frei Betto, voz de uma corrente predominante dentro das CEBs, a ação política que se busca só pode surgir a partir de uma abordagem socialista e, portanto, de esquerda.

À luz do horizonte ético da fé, nas condições históricas atuais, não se encontra uma ideologia de caráter libertador, antagónica à exploração capitalista, capaz de reconhecer a classe trabalhadora como protagonista das transformações sociais, fora do marxismo.

Palavras claras que indicam o Partido dos Trabalhadores – PT – como interlocutor privilegiado dos militantes das CEBs nos anos seguintes.