Paolo Cugini
Recebi nestes dias de uma minha amiga uma imagem
que retrai um pai olhando seu filho pequeno enquanto trabalha a madeira. Chama
atenção nesta imagem o olhar cheio de ternura do pai, que observa com atenção o
próprio filho com o desejo de deixá-lo livre para que desenvolva as próprias
potencialidades e, ao mesmo tempo, a preocupação para que não aconteça nada. É
bonito também ver a criança que trabalha com interesse aquele pedaço de
madeira, despreocupado com o mundo como deveria ser por cada criança, porque
sabe no seu coração que seu pai está vigiando e não deixará que ninguém mexa
com ele. Olhando a imagem
viajei com a mente pensando no mistério de Deus que se fez carne e viveu
escondido numa família. São relações humanas que, no mistério da família de
Nazareth, são ressaltadas como fundamentais no crescimento da pessoa humana. Se
quisermos, então, nos tornarmos mais humanos, precisamos valorizar este dato
simples e profundo que é constituído pelas relações humanas que acontecem no
lar. Respirando a ternura dos nossos pais crescemos sadios, assimilando os
valores da vida que se transmitem de uma forma natural, com gestos naturais e
singelos. Proteger o próprio filho, desejar que ele cresça sadio, almejar para
ele uma vida autêntica: só estes sentimentos naturais produzem por si mesmos
toda uma seria de atitudes vitais que moldam positivamente a nossa história.
Nos momentos críticos da nossa vida de adultos
muitas vezes quem fornece o material existencial para sairmos bem, não são as
nossas forças físicas ou mentais, mas sim as nossas lembranças que levemos nos
nossos corações. A lembrança daquele abraço cheio de amor e de sorriso de nossa
mãe ou a lembrança da caricia do nosso pai, de um conselho paterno na hora certa,
são as vitaminas espirituais que nos sustentam ao longo dos anos. Passamos a vida enxugando os
neurônios na busca de algo que possa nos realizar e amiúde não encontramos
nada, porque andamos longe demais e esquecemos de olhar dentro de nós.
Sobretudo esquecemos o dom vital dos nossos pais, da nossa família. Talvez achemos
que isso é coisa do passado e que agora não serve mais. Pensamos que o nosso
futuro é feito somente daquilo que nós mesmos conseguimos, tentando e nos
libertar daquilo que foi.
A nossa vida é tecida com os fios sutis da
ternura e do amor dos nossos pais, dos nossos irmãos, parentes. Crescemos nos
alimentandos dos relacionamentos corriqueiros familiares. São estes elementos
implícitos, não pensados por nós, que encontramos ali no momento do nascimento,
que nos são oferecidos gratuitamente que mais influenciam a nossa estrutura
pessoal no bem e no mal. Bem por nós se tivemos a sorte de nascer num lar
sadio, com pessoas boas. A nossa vida não se decide pelas coisas conseguimos
conquistar, mas sim com a qualidade dos nossos relacionamentos, da nossa
humanidade. A que adianta ser não sei o que, mas depois totalmente incapazes de
valorizar as pessoas que vivem perto de nós no trabalho, na família, no dia a
dia. É nos pequenos gestos de atenção, de escuta do outro, de interesse pelas
pessoas que estão ao nosso redor que conseguimos mudar nós mesmo e, de reflexo,
levar um pouco de amor no mundo. Tudo isso não se aprende na escola o na rua,
mas o se recebe de forma implícita e singela nas atitudes dos nossos pais no
lar familiar.
Realmente Padre.
ResponderExcluirAs primeiras lições que devemos receber, com certeza tem que ser da família. Principalmente lições de respeito, amor, harmonia , e principalmente de cuidados...