Paolo Cugini
1. Se é verdade que “pelo
sacramento do batismo somos incorporados a Igreja” é também verdade que nas
nossas comunidades, em muitos casos, o batismo é algo de estranho, que
dificultamos a encaixar dentro a vida mesma da comunidade. Quantas vezes
aceitamos como padrinhos pessoas que parecem verdadeiros “marcianos”, no
sentido que nunca vimos em momento nenhum na vida da comunidade, seja na vida
celebrativa que em outros eventos. Ou quantas vezes batizamos crianças “de cuja
educação na religião católica não se tem fundada esperança” Então o problema é
este: como celebrar nas nossas paróquias o sacramento do batismo, para que
expresse de verdade aquilo que significa, ou seja a incorporação na Igreja
católica e não apenas uma passagem, uma rápida visita? Melhor ainda: de que
forma podemos celebrar o sacramento do batismo de modo que expresse o começo da
caminhada na comunidade e não o termino?
2. As“CEBs são um nível eclesial fundamental onde os batizados vivem
a sua fé de modo comunitário, profético e missionário, numa opção preferencial
pelos pobres, denunciando o projeto social existente, animando a todos para a
construção de uma sociedade orientada pela utopia do Reino de Deus” . Não tem
sentido, então, ser membro das CEBs e ficar “frio”, desinteressado, perante a
situação social ou a vida mesma da comunidade. Através do batismo, a pessoa
entra a fazer parte de um corpo vivo, de membros vivos que exigem contato,
relacionamento, envolvimento. È isto que deveria acontecer cada vez que os pais
se apresentam à comunidade querendo receber o sacramento do batismo, que os
agentes pastorais deveriam traduzir como um pedido de envolver a criança dentro
da vida da mesma comunidade. Em São Paulo encontramos o mesmo sentido do
sacramento ligado à participação ativa da vida da comunidade: “Todos fomos
batizados num só Espírito para sermos um só corpo” (1Cor 12,13). O Espírito
Santo recebido no sacramento do batismo visa a construção do corpo de Cristo,
que é a Igreja.
3. Como traduzir estas idéias no nosso dia a dia pastoral? Como
celebrar o sacramento do batismo para
que marque efetivamente o ingresso e a participação ativa na vida na
comunidade? Para responder a estes questionamentos, tentarei esboçar algumas
indicações tiradas da pratica corriqueira e da convivência com agentes
pastorais.
Em primeiro lugar, se quisermos ligar de uma maneira intrínseca o
batismo á vida da comunidade, precisamos fazer de tudo para que a comunidade
exista. Não podemos, de fato, exigir a participação ativa da comunidade para
pais de crianças que moram mais de duas léguas distantes da capela. Iremos
formar comunidades também aonde o numero de casas é escasso, mas pelo menos
garantindo um mínimo de CEB.
Em secundo lugar, não adianta fundar comunidades se depois não
tivermos a paciência de acompanhá-las com visitas freqüentes para estimular as
pessoas manifestando a própria solidariedade pelo processo eclesial iniciado.
Enfim, para que a comunidade possa caminhar com as próprias pernas,
será necessário um constante trabalho de formação da liderança local, sobretudo
para ajudá-las a assumirem as decisões necessárias pra levar em frente a
comunidade. Uma destas decisões poderia ser a admissão dos candidatos ao batismo,
feita pelo conselho pastoral da comunidade em dialogo com o padre e as irmãs da
paróquia. È claro que, uma comunidade viva e ativa como esta, com liderança que
assume com responsabilidade as decisões pelo bom andamento da caminhada da
comunidade, não precisa mais de organizar cursos de batismo para pais e
padrinhos. Este é, aliás, o sonho expresso também nas “Orientações Pastorais”
da nossa diocese, quando relata que: “o ideal é chegarmos a um crescimento
comunitário na fé em que não necessite mais de “cursos de preparação”, mas onde
a participação e o testemunho cristão das famílias sejam os critérios para a admissão ao Batismo” .
È verdade que não se vive só de sonhos e de utopias, mas fazer de
tudo para que estes sonhos se realizem, faz parte da nossa ousadia pastoral.
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